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Repórter da Band comenta deboche de jovem preso por crimes no Discord

Marcus Sadok viralizou nas redes sociais por manter seriedade enquanto ouvia suspeito de criar grupo criminoso no aplicativo

Por Luiza Lemos

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As cenas de deboche do principal suspeito de criar e administrar um grupo no Discord para ameaçar, agredir e estuprar crianças virtualmente ao chegar na delegacia viralizaram nas redes sociais nesta quarta-feira (5). Pedro Ricardo Conceição da Rocha se esquivou de perguntas de repórteres e do jornalista Marcus Sadok, da Band Rio. 

Mas além do deboche, a seriedade de Sadok foi comentada pelos internautas pelas redes sociais. Para o band.com.br, o repórter contou que é acostumado a ver presos com a mesma atitude de Pedro Ricardo. “Eu faço factual no Rio de Janeiro todo dia e estou acostumado a lidar com pessoas presas por crimes gravíssimos e chegam com a cara mais lavada do mundo diante de jornalistas”, afirma. 

“Foi normal ouvir, estamos acostumados a ver criminosos, uma corja dessas diante de uma cena tão absurda, um crime tão absurdo como esse, fazer esse tipo de ação debochada”, pontua o repórter da Band Rio. 

O jornalista contou que já estava preparado para o deboche. “Eu tinha sido avisado por fontes que ele tinha apagado muita coisa, estava sendo extremamente debochado, foi preso assoviando, dizendo que esperava eles. Ele foi muito debochado e o mais absurdo de tudo é que eu estava calçado com os dados da investigação, os detalhes são muito chocantes até para quem está acostumado com esse tipo de informação”, relembra. 

“A gente está falando de uma pessoa de 19 anos que é uma pessoa que criou e programou um grupo do Discord em que ele se intitulava como ‘King’, rei em inglês e essa pessoa é ligada a crimes de pedofilia, zoofilia, automutilação, estupro virtuais e os crimes estão municiados pela Polícia Civil. Por isso fomos ao encontro dele para entender o porquê das crianças serem aliciadas”, comenta Sadok. 

Alguns internautas chegaram a comentar que as perguntas de Sadok não foram relevantes, como no momento em que ele questiona se Pedro Ricardo estava escondido na casa da avó. "Ele falou que mora na casa dele, mas a Polícia Civil informou que ele não morava lá, tanto que os equipamentos não foram apreendidos no endereço. Eu questionei isso para ver se ele entra em uma contradição e não respondesse do porquê estava fugindo, ele é tão debochado que fala que morava na avó, mas não é o que a Polícia Civil diz. 

Internautas reagem à deboche de ‘King’

Segundo Sadok, o deboche de Pedro Ricardo pode ter sido uma tentativa de ganhar respeito com outros criminosos que estão no Discord. “Ficou uma dúvida da galera sobre os deboches que ele fez, ele respondeu daquele jeito porque foi a forma que ele escolheu para lidar com aquilo e porque ele quer um reconhecimento naquele submundo que ele está”, pontua. 

O que é o Discord e como aplicativo virou ambiente criminoso?

Criado para conversas em grupo, o Discord se popularizou principalmente entre adolescentes gamers. Só que algumas dessas comunidades se tornaram um terreno fértil para a prática de crimes. Os novatos nesses grupos precisam completar tarefas e desafios para crescer na hierarquia. 

“Os bandidos chamam a vítima para um bate-papo e vão ganhando a confiança até conseguir algum vídeo, alguma imagem que possa ser vista como comprometedora para ser usada como uma chantagem. E a vítima, com medo disso ser mostrado para os amigos, para o colégio ou para os pais, cede às pressões desse grupo, que comete ali todo tipo de violência física e psicológica”, afirmou o delegado Luiz Henrique Marques. 

No último dia 28, a polícia do Rio apreendeu 2 adolescentes, de 14 e 17 anos, suspeitos de cometer uma série de crimes no Discord. Um jovem de 19 também foi preso em São Paulo. Em um vídeo ao qual a equipe da Band teve acesso, um dos adolescentes apreendidos humilha uma menina e debocha da possibilidade de ser preso. 

"Eu não ligo pra polícia! Tô cagando pra polícia. Eu quero que a web polícia venha atrás de mim. E me coloque a web algema”, disse o jovem.

“As redes sociais acabam facilitando e favorecendo para que aqueles adolescentes que já possuem algum tipo de inaptidão social consigam criar uma persona. Eles muitas vezes, por conta dessa busca e desse desejo de pertencimento, acabam se colocando em situações de risco”, afirmou a psicóloga Amanda Bastos. 

Em nota, o Discord disse que, nos últimos 6 meses, removeu 98% das comunidades identificadas com possíveis ameaças à segurança de menores de idade.

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