‘A Justiça’ já foi alvo de ato contra a cultura de estupro e ataques com explosivos; relembre

Obra representa Têmis, a deusa da justiça na mitologia grega, e voltou a ser alvo de ataques durante explosões em Brasília; autor do atentado morreu

da redação

Escultura "A Justiça", na Praça dos Três Poderes
Agência Brasil

“A Justiça”, escultura localizada na frente do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a ser alvo de ataques na última quinta-feira (14), quando um homem realizou um ataque a bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília. 

No vídeo do atentado, é possível ver Francisco Wanderley Luiz lançando explosivos na escultura e em direção ao prédio do Supremo. Na sequência, ele deita no chão e um clarão aparece na imagem, é quando um artefato explode. O homem morreu em decorrência da explosão.  

No banheiro da casa alugada por ele em Ceilândia, no Distrito Federal, ele escreveu uma mensagem no espelho: “Débora Rodrigues, por favor, não desperdice batom! Isso é para deixar as mulheres bonitas. Estátua de (palavrão) se usa TNT”. A mensagem se refere à mulher que escreveu na estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes, “Perdeu, mané”.

História da escultura “A Justiça”

A obra foi criada em 1961 pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti em um bloco monolítico de granito e mede mais de três metros de altura. Ela representa Têmis, a deusa da justiça na mitologia grega. 

“Ela carrega uma espada no colo, que reflete a força do judiciário, e tem os olhos vendados, simbolizando imparcialidade”, disse o STF. 

A obra foi criada para decorar o Supremo Tribunal Federal. Alfredo já colaborava com outros prédios de Oscar Niemeyer, que foi seu colega quando ambos estudaram na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro - são de Alfredo também obras como Os Anjos e Os Evangelistas da Catedral Metropolitana de Brasília e As Banhistas do Palácio da Alvorada. 

Relembre casos envolvendo a escultura

A Band recordou três vezes em que a escultura “A Justiça” foi alvo de atos ou atentados, relembre:

Ato contra a cultura de estupro

Em 2016, cerca de três mil manifestantes, a maioria mulheres carregando flores nas mãos, marcharam pela Esplanada dos Ministérios para protestar contra a cultura de estupro, pedir justiça para os casos que envolvam violência contra a mulher e exigir políticas públicas que garantam a educação de gênero nas escolas brasileiras.

Sob gritos de ordem como “Mexeu com uma, mexeu com todas” e “Lugar de mulher é onde ela quiser”, as manifestantes seguiram até a frente do Supremo Tribunal Federal (STF), onde derrubaram as grades que cercavam o local e tomaram a frente do edifício, sobre o qual foram fixadas calcinhas pintadas de vermelho, numa alusão à violência sexual contra a mulher.

Caminhada repudia violência sexual e agressões contra as mulheres, em 2016 - Wilson Dias/Agência Brasil

A estátua de Têmis teve o colo coberto por flores e por cartazes nos quais se liam “Fere o Corpo, Fere a Alma e Mulheres Contra a Cultura de Estupro”. 

A obra foi vandalizada nos atos criminosos em 8 de janeiro de 2023. A escultura foi pichada com os dizeres "Perdeu, mané", uma alusão provocadora a uma frase dita pelo ministro Luís Roberto Barroso após o resultado da eleição presidencial de 2022.

Atos antidemocráticos de 8 de janeiro 

A frase de Barroso foi dita após ele ser importunado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante um evento em Nova York, nos Estados Unidos.

Frase ‘Perdeu, mané’ foi pichada na escultura nos atos de 8/1 - Joedson Alves/Agencia Brasil

Explosões na Praça dos Três Poderes

Em 13 de novembro, em novos atos terroristas, um homem com explosivos se aproximou do STF e lançou fogos de artifício na estátua da Justiça e na entrada do Palácio. Na mesma ocasião, um carro carregado com fogos de artifício foi incendiado no estacionamento da Câmara. Ele morreu na frente a Suprema Corte.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Distrito Federal realizou desativações de artefatos com potenciais explosivos na Praça dos Três Poderes, em Brasília, durante uma vistoria no local. 

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Polícia Federal vai abrir inquérito sobre o caso. Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que as forças federais acompanham atentamente os desdobramentos das explosões e estão preparadas para assegurar o pleno funcionamento dos Poderes. 

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, disse nesta quinta-feira (14) que as explosões registradas na noite de quarta-feira (13) em Brasília não representam “fato isolado” e que a unidade de investigação antiterrorismo da corporação já foi acionada para auxiliar nos trabalhos.

“Quero, inicialmente, fazer um registro da gravidade dessa situação que enfrentamos ontem. Tudo isso aponta que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica – não só a Polícia Federal, mas todo o sistema de Justiça criminal”, disse.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, reconheceu a prevenção do ministro Alexandre de Moraes para supervisionar a investigação sobre os ataques explosivos na Praça dos Três Poderes.

Para Barroso, as informações preliminares “revelam possível prática de delitos contra o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de atentar, por meio de violência, contra a independência do Poder Judiciário e o Supremo Tribunal Federal”.
 

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