Relatório da OMS aponta que quase metade da população sofre de doenças bucais

Cárie, doença periodontal e câncer estão entre as mais doenças prevalentes

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Traumas dentais são imediatamente curados com dentistas
Shutterstock

Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 3,5 bilhões de pessoas, quase metade (45%) da população mundial, sofrem de doenças bucais. Nos últimos 30 anos, de acordo com o documento, houve um acréscimo de um bilhão de novos casos de pacientes com esses problemas de saúde, sendo que 3 a cada 4 são registrados em países pobres. 

A cárie é a líder entre as ocorrências e afeta 2,5 bilhões de pessoas no planeta. Em seguida, está a doença periodontal (leia mais abaixo), principal causa de perda dentária, com cerca de um bilhão de casos; já o câncer bucal está em terceiro lugar, com 380 mil novos diagnósticos anuais.

Além disso, o relatório apresenta as desigualdades de acesso a atendimento médico nos 194 países avaliados. Os moradores de países pobres têm dificuldade para receber tratamentos dentários e contra doenças bucais, problema que se assemelha a questões de saúde como os tumores, as doenças cardiovasculares e a diabetes. 

A cirurgiã-dentista Letícia Bezinelli, coordenadora do curso de graduação em Odontologia da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, avalia que a situação do Brasil em relação ao combate à cárie está à frente de diversas regiões do planeta: "O país fez um trabalho exemplar de combate às cáries graças à adição de flúor na água". Por outro lado, ela complementa que "estamos observando o rápido crescimento da doença periodontal e do câncer".

Doenças silenciosas 

Ao contrário da cárie, que pode provocar dor, as outras doenças geralmente são mais silenciosas. Quando o paciente relata algum sintoma, muitas vezes já está com o problema em estágio avançado, o que dificulta o tratamento. 

"O câncer de boca, quando diagnosticado tardiamente, é muito mutilador. O tratamento pode ser muito agressivo e há grande impacto na qualidade de vida", explica Bezinelli. 

Os problemas bucais podem ter impacto na saúde geral. Já se sabe que a doença periodontal está associada a problemas cardiovasculares e pulmonares, por exemplo, além de dificultar o controle da glicemia em diabéticos. O caminho inverso também é possível: medicamentos utilizados para o tratamento da osteoporose e os quimioterápicos podem afetar a saúde da boca. 

Segundo a cirurgiã-dentista, um dos motivos do avanço desses problemas é "uma negligência generalizada". Os pacientes deixam de fazer exames periódicos e falta integração entre as áreas da saúde. 

"Por muito tempo, os dentistas praticaram a odontologia entre quatro paredes, sem considerar a relação entre a saúde bucal e a saúde geral. Os médicos muitas vezes também esquecem de encaminhar o paciente ao dentista", diz. 

Bons hábitos

A doença periodontal ocorre pelo acúmulo de bactérias nos tecidos ao redor dos dentes. Nos casos mais leves, a gengiva fica inflamada e sangra. Nos mais graves, pode haver mobilidade e até perda dentária.

Assim como a cárie, a doença periodontal pode ser prevenida com controle da alimentação, bons hábitos de higiene e visitas periódicas ao dentista. 

Já o câncer de boca está associado a fatores de risco como o vírus HPV, tabagismo, excesso de álcool e até exposição ao sol para o caso do tumor de lábios. Manchas e lesões que não somem, mesmo que não causem dor, são sinais de alerta. 

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