Originalmente, tratava-se apenas de um aumento benigno da próstata, algo frequente em homens mais velhos - até mesmo nos monarcas. Por essa razão, o rei Charles 3°, de 75 anos, abordou a questão de maneira aberta, inclusive incentivando homens mais velhos a realizar exames preventivos.
Em 29 de janeiro, ele deixou o hospital ao lado da rainha Camilla, exibindo um sorriso alegre, nas proximidades do Palácio de Buckingham. Embora tudo parecesse estar bem, exames adicionais revelaram que o monarca está com "uma forma de câncer".
"Sua Majestade iniciou um tratamento correspondente, durante o qual, conforme aconselhado por seus médicos, não participará de compromissos oficiais no exterior. No entanto, ele continuará cuidando dos assuntos de Estado e processando documentos oficiais", revelou na noite de segunda-feira (05/02) o Palácio de Buckingham em um comunicado ofcial.
Harry viajará a Londres
Conforme a rede britânica BBC, Charles informou pessoalmente sua família mais próxima sobre o novo diagnóstico. Surpreendentemente, até mesmo seu filho mais novo, Harry, embarcará da Califórnia a Londres nos próximos dias para vê-lo. A relação entre os dois estremeceu nos últimos anos. Em janeiro de 2020, Harry e sua esposa, Meghan, renunciaram a todos os títulos e privilégios reais.
A ida de Harry para Londres abre espaço para especulações sobre a gravidade real da situação do rei. Por outro lado, pode ser apenas uma visita respeitosa de um filho que deseja encontrar-se com o pai após o diagnóstico de câncer.
Charles pretende lidar com as especulações sobre seu estado de saúde de maneira transparente. Isso é interpretado como um indício de que ele está buscando transformar e modernizar a monarquia britânica, conforme destacado pela historiadora Sarah Gristwood à BBC.
"Até agora, a fragilidade de um monarca sempre foi cuidadosamente escondida atrás dos muros do palácio", disse.
A mãe de Charles, a Rainha Elizabeth 2ª, era bem mais reservada neste aspecto, o que sucitou até mesmo debates sobre até que ponto o público teria o direito de ser informado sobre a saúde de seu monarca.
Votos de recuperação
Charles assumiu o trono após o falecimento de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, no outonoeuropeu de 2022.
Enquanto muitos súditos estão preocupados com a saúde de Charles, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, está confiante de que o rei se recuperará completamente em breve.
Do exterior, também chegaram mensagens de votos de recuperação. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, cujo país também tem Charles como chefe de Estado, afirmou que todo o Canadá está enviando pensamentos positivos ao rei.
O presidente americano, Joe Biden, expressou a esperança de falar em breve com Charles. Até mesmo o ex-presidente americano Donald Trump se pronunciou, dizendo que está orando pelo rei.
Qual é a perspectiva?
Em 2023, o rei Charles 3° esteve presente em mais de 500 compromissos. Agora, com a doença, ele terá que diminuir consideravelmente a agenda, contando com a colaboração de outros membros da família real. A esposa de Charles, Camilla, manterá a programação prevista, enquanto o príncipe William, filho mais velho de Charles e herdeiro direto ao trono, assumirá o papel de representar o pai.
O plano para o caso de Charles não poder retornar e sucumbir à doença foi elaborado cerca de 17 meses após o início do seu reinado. Assim como ocorreu com sua mãe Elizabeth 2ª, há um protocolo extremamente detalhado que descreve meticulosamente os procedimentos após a morte de um monarca britânico.
Similar ao caso da Rainha Elizabeth 2ª (London Bridge), esse protocolo também recebe o nome de uma ponte: Menai Bridge - homenagem à primeira ponte suspensa de ferro do mundo, em Anglesey, no País de Gales. É provável que esse nome esteja associado ao título que Charles detinha até sua entronização: Príncipe de Gales.
Prevê-se que a Operação Menai Bridge apresente muitas semelhanças com a London Bridge. Uma vez que o protocolo for executado, o príncipe William, ao lado de sua esposa Catherine, assumirá a coroa.
No entanto, atualmente, o Palácio de Buckingham parece distante de mencionar a Operação Menai Bridge. As declarações são otimistas e têm como objetivo elevar o ânimo do povo britânico. Isso não será tarefa fácil, uma vez que o ano não começou bem para a família real.
Começo de ano difícil
A sequência de eventos teve início em 4 de janeiro, quando veio à tona a notícia de que o irmão de Charles, o príncipe Andrew, teria assediado sexualmente outra mulher no contexto do escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein. Antes disso, ele havia evitado um julgamento por abuso ao chegar a um acordo com a demandante - entretanto, agora está claro que essa mulher não foi a única; há até menção de "orgias com menores".
Em 17 de janeiro, surgiram relatos sobre a doença na próstata do rei e, ao mesmo tempo, foi revelado que a princesa Catherine precisou passar por uma cirurgia no abdômen. Em 20 de janeiro, outra notícia triste: a ex-cunhada de Charles, Sarah Ferguson, foi diagnosticada com câncer pela segunda vez em um ano.
Apesar dessas más notícias, parece que o rei Charles não pretende se abater. Segundo o Palácio, ele está "positivo" e ansioso para retornar plenamente ao serviço de seu país o mais rápido possível.