O Banco Central (BC) reduziu a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, de 13,75% para 13,25%, a primeira queda do indexador em três anos. Mas o que isso representa para o cotidiano do cidadão? Para empresários e governo, a medida significa o início da retomada econômica brasileira, num contexto de pós-pandemia e de guerra no Leste Europeu.
Na prática, a redução dos juros, nesta quarta-feira (2), indica a possibilidade de investimentos do setor produtivo e o aumento do poder de compra das famílias.
“Nós defendemos todo o processo de aumento, toda a manutenção, mas achamos que, agora, tenha espaço para 0,5 ponto percentual”, analisou André Sacconato, assessor econômico da Fecomercio-SP, ao BandNews TV, quando pontuou cenários positivos internos e externos, a exemplo do câmbio e possibilidade da redução dos juros nos Estados Unidos.
Os juros altos, por exemplo, afetam o endividamento das famílias com os bancos e operadores de cartões de crédito, por exemplo. Por parte das pessoas jurídicas, as empresas evitam financiamentos e empréstimos para aplicarem em investimentos.
“Remédio para a inflação”
É importante entender, porém, que a taxa de juros alta é tida como uma espécie de “remédio” para controlar a inflação de um país. Acontece que, durante a pandemia de covid-19 e, mais tarde, a guerra na Ucrânia, o Brasil sofreu com o aumento dos preços, o que forçou o BC a agir.
A partir do segundo semestre de 2022, a inflação começou a se estabilizar no Brasil. Em junho de 2023, por exemplo, o resultado foi negativo (-0,08). Isso deu mais munição para o governo federal pressionar o BC, órgão independente, contra os juros altos.
A parte amarga desse remédio, no entanto, é a retração da economia, pois o crédito passa a ser mais caro, o que reduz a capacidade de investimento das empresas, o poder de compra das famílias e estagna a geração de empregos.
Governo vs BC
Apesar da pressão do Planalto, o BC, presidido por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cobrou ações do governo para o controle dos gastos públicos, a exemplo da aprovação de uma regra fiscal que substitua o teto de gastos.
Na prática, uma nova regra fiscal mostrará que o Planalto, apesar de ser contra o teto de gastos, quer transformar o Brasil num ambiente atrativo para investimentos ao aprovar um regime fiscal sustentável. Atualmente, há uma proposta no Congresso enviada pelo Ministério da Fazenda para analisar o tema.
Devido a essa previsão de controle da inflação e dos gastos públicos, além de questões internacionais, o Banco Central reduziu os juros em 0,5 ponto percentual.