Rabino: Reconhecimento da Palestina é mais um duro golpe contra Israel

Os países Irlanda, Espanha e Noruega formalizaram o reconhecimento do Estado palestino nesta terça-feira

Por Moises Rabinovici

Manifestação pró-Palestina em Massachusetts, nos EUA
REUTERS/Nicholas Pfosi

O reconhecimento da Palestina pela Irlanda, Espanha e Noruega, formalizado nesta terça-feira (28), é mais um duro golpe contra Israel, cada dia mais isolado no mundo pela condução de sua guerra em Gaza, iniciada pelo massacre do Hamas que matou 1.200 pessoas e capturou mais de 250 reféns.

Para os palestinos, o reconhecimento tem efeito prático limitado. O Vaticano e 140 países já reconheceram a Palestina, mas ela não existe. Os Estados Unidos e a maioria de nações europeias são favoráveis a um estado que nasça de negociações diretas entre israelenses e palestinos, os vizinhos que dividirão o território compartilhado para eles pela ONU, em 1947.

O Tribunal Internacional Penal (TIP) está decidindo a expedição de mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Galant; o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ordenou que Israel suspenda sua ofensiva em Rafah, na semana passada, e não foi respeitado; os estudantes em universidades americanas, canadenses e europeias realizaram grandes manifestações pró-palestinos, recentemente; e hoje o Conselho de Segurança da ONU vai se reunir para debater o ataque israelense em Rafah que resultou em 45 mortes de palestinos civis, entre eles 23 mulheres e crianças.

O primeiro-ministro Netanyahu considera que o mundo está dando um “Prêmio ao terrorismo” ao isolar Israel e limitar sua ofensiva em Gaza. Quando a retaliação ao massacre do Hamas começou, o mundo estava a favor de Israel, e a guerra, justificada. 

Passados já mais de sete meses, com cerca de 36 mil mortos palestinos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, a situação mudou radicalmente. Mesmo internamente: milhares de israelenses estão contra a continuação da guerra e querem trocar Netanyahu por outro primeiro-ministro em eleições antecipadas. E as famílias de 123 reféns protestam quase que diariamente para libertá-los em troca de prisioneiros palestinos. 

As negociações indiretas com o Hamas estão suspensas. E as negociações para a paz com uma Palestina independente não ocorrem há décadas.

O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, explicando o reconhecimento da Palestina, disse que “a solução de dois Estados está em perigo”. E acrescentou: “É hora de passar das palavras à ação — e dizer a milhões de palestinos inocentes que estão sofrendo que estamos com eles, que há esperança”.

O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, também comentou: “Os palestinos têm um direito fundamental e independente a um Estado”. E o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, está confiante de que outros países logo se juntarão ao trio europeu que hoje oficializou o reconhecimento da Palestina.

O jornal Haaretz desta quarta-feira acredita que “as mortes de civis em Rafah podem forçar Israel a parar sua ofensiva mesmo sem a libertação dos reféns”. Mas palestinos em Rafah dizem que tanques israelenses surgiram no centro da cidade e estacionaram diante da mesquita.

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