A HTS, uma milícia islâmica salafista, anunciou a morte de cerca 50 soldados nos combates e a captura das cidades de Halfaya, Taybat al-Imam, Maardis e Soran. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um monitor de guerra baseado no Reino Unido, confirmou que a tomada dos locais.
Com a conquista, os rebeldes do HTS estão a cerca de 10 quilômetros de Hama, no centro do país. "Estamos indo na direção de Hama, a cidade, e depois disso, se Deus quiser, para Homs, e depois para Damasco (capital) e o resto da Síria será libertado novamente com a vontade de Deus", disse Abu Abdo al Hamawi, membro do HTS.
Segundo a agência de notícias estatal Sana, as tropas do presidente Bashar al-Assad estão reforçando os postos na província de Hama, onde fica a cidade de mesmo nome, para evitar o avanço dos grupos. Intensos ataques aéreos sírios e russos, que apoia o governo de Assad, foram relatados na área.
Os combates no país se intensificaram desde o ataque surpresa dos rebeldes na semana passada, que findou com a captura de Aleppo. A queda da segunda maior cidade síria foi a maior ofensiva em anos na guerra civil do país, que iniciou em 2011 em protesto contra o governo de Bashar al-Assad e estava em baixa intensidade desde 2020. Mais de 500 mil pessoas morreram vítimas da guerra nos últimos 13 anos.
O avanço da milícia HTS sobre Aleppo também insurgiu outros grupos rebeldes no país e abriu novas frentes de combate. No leste da Síria, outra milícia, denominada Forças Democráticas Síria, liderada por curdos, disse ter capturado sete aldeias que estavam sob o controle de milícias aliadas de Assad. A alegação é negada pela mídia estatal síria, que diz que o controle continua com os aliados.
Segundo duas fontes ouvidas pela agência de notícia Reuters, os combates nessa região contaram com apoio dos Estados Unidos, que opera contra o Estado Islâmico na Síria e conta com um número pequeno de tropas no país.
Repercussão regional
Com os novos conflitos, os líderes do Oriente Médio se mobilizam para tentar evitar uma na região, assolada pelas guerras de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse ao primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, que manter a paz na Síria e garantir a segurança dos civis eram as prioridades do país.
A Turquia apoia parte dos grupos rebeldes, mas mantém oposição às Forças Democráticas Sírias por causa da maioria curda. A organização é considerada terrorista e uma ameaça à segurança turca. De acordo com Erdogan, o país está atento e quer impedir que a organização explore a situação.
Hakan Fidan, ministro das Relações Exteriores da Turquia, disse que o avanço rápido dos rebeldes na Síria mostra que o presidente sírio deve se reconciliar com seu próprio povo e manter conversas com a oposição.
Assad e autoridades do governo dizem que todos os grupos armados em partes da Síria controladas pela oposição são terroristas e rejeitaram qualquer solução política com eles. (COM INFORMAÇÕES DA AP)