Randolfe rebate fala de Bolsonaro sobre fuzil: "Povo não tem dinheiro nem para comprar faca"

Mais cedo, presidente chamou de "idiota" quem fala em "comprar feijão" e disse que "todo mundo tem que comprar fuzil"

da Redação com Rádio Bandeirantes

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu nesta sexta-feira (26) a declaração feita mais cedo pelo presidente Jair Bolsonaro sobre armar a população brasileira com fuzis. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o parlamentar disse que as falas do chefe do Executivo “fogem da realidade”. “As pessoas nem tem dinheiro para comprar faca de mesa”, afirmou.

A fala de Bolsonaro aconteceu nesta manhã em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília, espaço que ficou conhecido como “cercadinho”. Questionado por um deles sobre novidades para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), respondeu que “fez tudo o que poderia”.

“Poxa, tudo que poderia fazer por decreto eu fiz. CAC está podendo comprar fuzil. Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem uns idiotas: ‘Ah, tem que comprar feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer”, declarou o presidente. 

“Parece que o presidente está vivendo em outro planeta. Ele deve estar governando outro país. Não é questão de ideologia, embora divirjamos que a prioridade seja o armamento. Ele não tem dimensão nenhuma do que o povo está sofrendo. O cidadão quer saber se tem dinheiro para ir ao mercado comprar feijão, já que não vai ter para o quilo da carne. Temos 19 milhões de famintos. Quase 14,5 milhões de desempregados. Quem vivia na pobreza está passando para a extrema pobreza. Voltamos a assistir cenas que o país tinha superado”, rebateu Randolfe. 

“O próprio presidente, o que é contraditório, tinha pedido ontem para as pessoas economizarem energia porque estamos na iminência de um colapso hídrico e energético. No meu estado já passou a ser comum acontecerem blecautes. Isso pode começar a acontecer no Brasil todo. É tanta coisa para se preocupar. Será que a grande preocupação do governo é que as pessoas comprem fuzil? Presidente, as pessoas nem tem dinheiro para comprar faca de mesa. Se dão por felizes se forem ao mercado e conseguirem comprar feijão ‘raladinho’ para o almoço e guardar para o jantar. O presidente deve estar em outro lugar. É uma anomalia”, completou. 

Segundo o deputado, o mesmo acontece com os ministros do governo, como o chefe da pasta da Economia, Paulo Guedes. Nesta semana, Guedes pediu para que as pessoas economizem energia elétrica para evitar uma crise e polemizou: “Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara?”

“Guedes não me surpreende em relação a nada. Ele foi nomeado com uma expectativa enorme do mercado e se tornou o gerente do RP9 do centrão. Lá em Brasília, o Parlamento criou uma espécie de orçamento paralelo. São emendas a parlamentares que apoiam o governo através de créditos que correm por fora. Temos dois orçamentos, o público e o paralelo. O ministro que faria uma revolução liberal, enxugaria a máquina pública, virou gerente do orçamento paralelo. Tanto as dele como as do presidente são declarações que fogem da realidade.”

Randolfe, vice-presidente da CPI da Covid no Senado, confirmou também, em primeira mão, que o Ministério da Saúde rescindiu, nesta madrugada, o contrato com a Precisa Medicamentos, empresa responsável por intermediar a compra da vacina Covaxin: "Mais uma conquista da comissão”.

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