Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou a posição de Marcelo Queiroga sobre ir contra o passaporte vacinal para viajantes que chegam ao Brasil, além das falas recentes contra as restrições aos não-imunizados. Para o parlamentar, o ministro da Saúde “rasga o jaleco” com suas recentes posturas e afirma que o médico vai “contra a função da medicina”, que é salvar vidas.
“No início da gestão do ministro Queiroga tinha até uma expectativa mais otimista. O ministro Queiroga se tornou um ‘Pazuello de jaleco’, com o mesmo tipo de comportamento de Eduardo Pazuello”, disse em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quinta-feira (9), durante relato para Agostinho Teixeira, no Manhã Bandeirantes (veja a íntegra no vídeo acima).
Randolfe fazia referência à fala do atual comandante da Saúde, que causou polêmica ao afirmar que “era melhor perder a vida do que perder a liberdade” no contexto sobre negar imposições restritivas aos que se negam a ser vacinados contra Covid-19, comparando com as ações do seu antecessor no ministério, que era general, mas não era médico, e também era firmemente alinhado com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O senador lembrou que seu partido, a Rede, ingressou com pedido no Supremo Tribunal Federal com Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) onde demanda que o governo federal acate as recomendações da Anvisa e adote a exigência de comprovante de vacinação para viajantes que cheguem ao Brasil. Ele crê que uma decisão sobre o tema pode sair em breve – a ação está com o ministro Luís Roberto Barroso.
“Estou acreditando que nas próximas horas, nos próximos momentos, nós possamos ter uma decisão da parte do Supremo Tribunal Federal para impor, impelir, determinar ao governo a adoção do passaporte da vacina. É uma medida sanitária simples. Estamos falando do que é obrigação mais elementar do Ministério da Saúde e de um governo: proteger a vida de seus compatriotas”, defendeu.
Polêmica sobre acordo da PEC dos Precatórios
Voto contrário na promulgação dos trechos fatiados da PEC dos Precatórios aprovados após acordo entre Câmara e Senado, o senador da Rede disse que “nunca confiou” no acordo que a base do governo fez com a oposição, que em sua visão, cometeu um “ledo engano” ao negociar com o líder da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O entendimento que havia sido feito pelos parlamentares das duas casas vinculava o espaço fiscal criado pela proposta ao financiamento do Auxílio Brasil, gastos com vacinas contra Covid-19, previdência social e desoneração da folha. A promulgação foi marcada pela discussão entre o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD) e a senadora Simone Tebet (MDB) sobre o cumprimento do acordo.
“O que faz o deputado Arthur Lira? Encaminha para que seja promulgada a parte apenas que ele concordava, que interessava ao Governo. Nesta parte de concórdia, que interessa ao Governo, abre uma margem rasgando o teto de gastos, rasgando as regras anteriormente definidas pela própria Constituição para que o governo pague o Auxílio Emergencial, mas também com parte desse recurso não se diga pra onde esse recurso vai”, analisou Randolfe, acusando que parte dessa verba vai para as emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto”.
O senador ainda foi contra a decisão da Ministra Rosa Weber, do STF, que liberou parte da execução orçamentária dessas emendas nesta semana. Ele pede que o Plenário do Supremo reveja a decisão, já que ele classifica o “orçamento secreto” como o “maior esquema de corrupção da história republicana” - ele afirma que o valor representou R$ 36 bilhões nos últimos dois anos, sem se saber qual a destinação final desse dinheiro.