A guerra civil pode estar recomeçando na vizinha Síria, iniciada na Primavera Árabe de 2011, agora que o presidente sírio Bashar al-Assad não conta mais com seus aliados do Hezbollah, do Irã e da Rússia, enfraquecidos pela guerra contra Israel e ocupados com a guerra na Ucrânia.
Os rebeldes entraram em Aleppo, a segunda maior cidade do país, depois de conquistar 66 vilarejos pelo caminho. O exército sírio, surpreendido, está montando uma contraofensiva e reforçando todas as frentes de combate. Alguns aviões russos que não foram para a Ucrânia bombardearam a vanguarda dos rebeldes, formados por uma coalizão de facções que inclui remanescentes do grupo Al Qaeda. Eles têm o apoio da Turquia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião especial com oficiais e ministros da área de segurança para examinar a situação na Síria. Uma fonte explicou: “Isso é algo que precisamos acompanhar de perto para ver como vai se desenvolver. ” E acrescentou: “Não é necessariamente algo que nos afetará no curto prazo, mas qualquer instabilidade num país vizinho pode nos afetar. Parece que pode até haver oportunidades de mudança aqui”. Com o cessar-fogo no Líbano, Israel advertiu à Síria que não permitirá a passagem de armas do Irã para o Hezbollah, geralmente desembarcadas em Damasco e levadas por terra para o Líbano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Abbas Araghchi, acusou os Estados Unidos e Israel da “reativação” dos rebeldes e “enfatizou o apoio contínuo” iraniano ao governo e ao exército sírio.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apelou às autoridades sírias para "restaurar rapidamente a ordem”.
Os aviões russos e as forças do governo sírio atacaram a cidade de Idlib 23 vezes nos últimos três dias. Aqui seria o local em que o Estado Islâmico estabeleceria seu Califado. Os ataques mataram pelo menos 15 civis, incluindo seis crianças e duas mulheres, e outros 36 ficaram feridos. A mídia estatal iraniana disse que um general de brigada do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos, Kioumars Pourhashemi, foi morto em Aleppo.
Os jihadistas explodiram dois carros-bomba contra soldados sírios antes de entrar em Hamdaniya e Nova Aleppo, já em Aleppo. Desde 15 de setembro, no aplicativo de mensagens Telegram, está postado um mapa para onde os civis devem ir para escapar dos combates. Até essa nova erupção, a guerra na Síria matou 494.438 pessoas, dos quais 159.774 eram civis, incluindo cerca de 25 mil menores de idade, segundo o Observatório Sírio de Londres.