Surpresa: uma nova contraproposta de cessar-fogo e libertação de reféns, apresentada na terça-feira pelo Hamas, está de novo em discussão entre o Catar, Egito, Estados Unidos e Israel.
Em princípio, persiste o impasse que impediu um acordo em 11 de junho: o Hamas quer o fim da guerra e a retirada total das forças israelenses, enquanto Israel quer continuar a guerra até a destruição total do Hamas, mantendo ainda o controle pós-guerra da segurança de Gaza.
O Hamas apresentou emendas para tirar do impasse os desacordos principais. Uma delas seria passar as negociações sobre o número e identidade dos prisioneiros a serem trocados por reféns para a primeira das três fases do acordo apresentado pelo presidente Joe Biden na Casa Branca, depois avalizado pela ONU e pré-aprovado por Israel. Mais detalhes não foram revelados.
Um mediador não identificado contou a repórteres que o temor do Hamas é o de que Israel torpedeie as negociações, procurando alargá-las com outras questões ainda insolúveis, e assim prosseguir com a guerra. A proposta de três fases previa que as negociações, e a trégua, continuariam mesmo depois do final das seis semanas estipuladas. O Hamas quer, por escrito, a segurança de que Israel não vá declarar, unilateralmente, o fracasso das negociações, e reiniciar o combate.
Embora o presidente Joe Biden tenha atribuído o acordo que anunciou em 31 de maio a Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não o rejeitou, mas também não o aprovou, por uma questão interna: os ultras ortodoxos que o mantém majoritário no Parlamento o abandonariam, provocando a antecipação de eleições gerais em Israel. Há quem conteste: em novas eleições, os partidos religiosos perderiam votos e a importância que têm hoje.
O gabinete de Netanyahu confirmou que recebeu uma nova contraproposta do Hamas e que uma equipe a está examinando, devendo “fornecer sua resposta aos mediadores”. Os Estados Unidos estão exercendo forte pressão para o Catar pressionar o Hamas a tirar o acordo do impasse, criado por emendas impraticáveis que paralisaram as últimas negociações.
