Rabinovici: Cisjordânia, a nova Gaza

Por Moises Rabinovici

Imagem de arquivo do Exército de Israel
REUTERS/Amir Cohen/File Photo

Israel está atacando a Cisjordânia, nesta quarta-feira, como em Gaza: ordena deslocamentos, entra em hospitais, bloqueia cidades e usa drones e caças em apoio a forças terrestres. A justificativa, dada pelo chanceler Israel Katz: “O Irã está implantando uma frente terrorista na Cisjordânia, com o mesmo modelo que utilizou no Líbano e em Gaza, financiando e armando terroristas e contrabandeando armas avançadas da Jordânia”.

Nesta manhã, nove palestinos foram mortos em Jenin e Tubas. Drones israelenses voaram até a estrada Beirute-Damasco, do lado sírio, e mataram um dirigente da Jihad Islâmica, Fares Qasem, “encarregado de elaborar planos operacionais e recrutar palestinos para o Hezbollah”, segundo raro comunicado do porta-voz militar, quando se trata de ataques dentro da Síria. Outros dois terroristas da Jihad Islâmica e um membro do Hezbollah, Muhammad Taha, foram assassinados.

Na Cisjordânia, ocupada por Israel, vivem 3 milhões de palestinos e cerca de 700 mil colonos israelenses. Desde a invasão do Hamas, em 7 de outubro de 2023, já foram mortos 600 palestinos e 1400 estruturas demolidas. O número dos mortos em Gaza chegou a 40.500, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Com o ministro da Segurança Nacional de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir, os colonos da Cisjordânia aumentaram suas incursões em cidades e vilarejos palestinos, onde queimam carros e casas, e deixam mortos. Quem os está punindo são os Estados Unidos, cancelando passaportes dos que têm dupla nacionalidade e impondo sanções aos que os lideram. O ministro Ben-Gvir tem sido criticado por suas declarações contra acordo em Gaza e pela anexação formal da Cisjordânia. Nesta semana ele declarou à Rádio do Exército que, se pudesse, levantaria uma sinagoga na esplanada das mesquitas Domo da Rocha e Al Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do islamismo. Ele tem, por blindagem, os votos que sustentam a coligação do primeiro-ministro Netanyahu.

No ataque desfechado na segunda-feira, em Nur Shams, cinco palestinos morreram — e um deles foi um dos prisioneiros trocados em novembro por reféns em Gaza.

O refém beduíno resgatado no sul de Gaza, Farhan al-Qadi, 52, recebeu alta no Hospital Soroka, em Beersheba, e voltou à sua aldeia em Rahat, onde uma multidão o recebeu com uma grande festa. Ao sair, médicos, enfermeiros e pacientes o aplaudiram. Perto do primeiro ano da invasão do Hamas a Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer organizar um cerimonial. Mas as famílias dos reféns não permitem que seus nomes e fotos sejam usadas, e prometem um boicote, protestando contra as oportunidades perdidas para um acordo que libertasse a todos, que hoje são 108, incluindo mais de 30 que estão mortos.

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