Rabinovici: as reações ao promotor do TPI que pediu prisão de Netanyahu

Em Israel, os inimigos políticos de Benjamin Netanyahu se uniram contra os mandados de prisão do TPI, algo muito raro

Por Moises Rabinovici

Rabinovici: as reações ao promotor do TPI que pediu prisão de Netanyahu
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é alvo de pedido de prisão
REUTERS/Ronen Zvulun/File Photo

Os mandados de prisão pedidos pelo procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, ofenderam Israel, por equipará-lo ao Hamas, e ao Hamas, também, por equiparar “a vítima ao carrasco”.

O presidente Biden os considerou “ultrajante” e acrescentou: “Independentemente do que esse promotor possa sugerir, não há equivalência – nenhuma – entre Israel e o Hamas”.

Em Israel, os inimigos políticos se uniram contra os mandados, algo muito raro. O maior exemplo foi dado pelo membro do Gabinete de Guerra, Benny Gantz, que, no domingo (19), deu um ultimato ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: ou ele apresenta um plano pós-guerra para Gaza, ou vai abandonar a coligação com o seu partido de União Nacional, em 8 de junho.

O procurador-chefe do TPI, Karim Khan, desencadeou um bombardeio de críticas e ameaças. O lobby de Israel no Congresso dos EUA está pedindo sanções contra ele, seus funcionários e sua família. Um deputado prometeu que “ele jamais poderá pisar em território americano”.

O senador Lindsey Graham quer que as sanções afetem também o TPI. E comentou que “o promotor Khan está embriagado de autoimportância e causou muitos danos ao processo de paz e à capacidade de encontrar um caminho a seguir”.

Os mandados de prisão solicitados atingem o primeiro-ministro Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e também o líder do Hamas, Yahya Sinwar, o líder das Brigadas Al Qassem Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, e Ismail Haniyeh, o líder político que vive no Catar e é um dos negociadores para um cessar-fogo e troca de reféns.

Todos são acusados, principalmente, de crimes de guerra, relativos ao ataque a Israel em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas e sequestrou reféns para os túneis do Hamas, e a retaliação de Israel em Gaza, que já conta mais de 35 mil mortos.

Um deputado democrata, Mark Pocan, foi um dos únicos a ir contra a correnteza. Ele disse que, se Netanyahu vier falar no Congresso, ele “ficaria mais do que feliz em mostrar o caminho para o plenário da Câmara ao TPI”. Vários líderes internacionais condenaram o anúncio dos mandados pela televisão, em uma entrevista exclusiva para Christiane Amanpour, da CNN. O promotor Khan não tem a intenção de equiparar Israel ao Hamas, ou vítima ao carrasco. Explicou-se: “Se não demonstrarmos nossa vontade de aplicar a lei de forma igual, se esta for vista como sendo aplicada seletivamente, estaremos criando condições para seu colapso”.

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