O ex-embaixador de Israel nos EUA, Michael Oren, alerta que o presidente Joe Biden pode reconhecer um estado Palestino até o final de seu mandato, em janeiro, em artigo publicado no jornal Yedioth Aharonoth, nesta sexta-feira.
Oren diz que o presidente Biden pode ser considerado “um grande amigo de Israel”, mas não de Benjamin Netanyahu, porque ele colocou obstáculos para um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, rejeitou apelos para aumentar a ajuda humanitária aos palestinos, estendeu a guerra mais do que combinado e bloqueou seu plano de solução de dois estados, Palestina e Israel, que contava com a adesão da Arábia Saudita.
O reconhecimento da Palestina pelo governo Biden poderá vir numa próxima resolução do Conselho de Segurança da ONU. A última resolução apresentada, exigindo um cessar-fogo em Gaza, foi vetada pelos EUA, nesta semana, porque não fazia menção à libertação de cerca de 100 reféns israelenses mantidos pelo Hamas, um terço dos quais mortos, segundo serviços de inteligência.
O presidente Biden rotulou de “ultrajante” os mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) para Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, acrescentando que “não há equivalência nenhuma entre Israel ao Hamas”, e que “os EUA estarão sempre ao lado de Israel contra ameaças à sua segurança”.
O colunista Frank Bruni, do jornal New York Times, considerou que o governo americano poderia se tornar cúmplice dos crimes de guerra israelenses, pois foi quem forneceu as armas e deu apoio na ONU ao governo de Israel. Mas o TPI não vai tão longe. Vários países europeus confirmaram que respeitarão os mandados de prisão, se por acaso Netanyahu e Gallant os visitarem. A exceção é a Hungria do primeiro-ministro Viktor Orban, que rejeitou a decisão do TPI como “descarada, cínica e completamente inaceitável”. Ele convidou Netanyahu a visita-lo.
Os israelenses se uniram em torno de Netanyahu, mesmo aqueles que o combatem. “É constrangedor ver Netanyahu e Gallant no mesmo lugar que Muammar Gaddafi, Slobodan Milosevic, Ratko Mladic e vários ditadores africanos”, escreveu a colunista Sima Kadmon no jornal Yedioth Aharonoth desta sexta-feira. Para um ex-assessor de Netanyahu na década de 1990, Mitchell Barak, “isso ajuda Netanyahu”, retratando-o como “o homem solitário contra todo o mal do mundo”.
Os palestinos comemoraram os mandados de prisão, em Gaza e na Cisjordânia. Dez ONGs que os representam pediram a um tribunal holandês que impeça a Holanda de exportar armas para Israel. O membro do Politburo do Hamas, Basem Naim, disse que a decisão é “um passo importante em direção à justiça e pode levar à reparação para as vítimas em geral, mas permanece limitada e simbólica se não for apoiada por todos os meios por todos os países ao redor do mundo”. A decisão da corte mundial também poderia dar um impulso às queixas e investigações criminais contra soldados e comandantes das IDF que estão sendo conduzidas em vários países.
Para a Autoridade Palestina, em Ramallah, “a decisão do TPI restaura a esperança e a confiança não só no direito internacional, juntamente com as instituições da ONU, mas também na importância da justiça, da responsabilização e da acusação de criminosos de guerra, especialmente num momento em que o povo palestino ainda está sujeito ao genocídio