O Reino Unido anunciou a suspensão de 30 entre 350 licenças de exportação de armas para Israel. “Não é uma proibição total”, explicou o secretário de Negócios Estrangeiros, David Lammy, ao Parlamento britânico, nesta segunda-feira. “Isto não é um embargo de armas”, ele acrescentou. Deixarão de ser exportados alguns componentes para caças de combate, helicópteros e drones, sob a justificativa de que existe “um risco claro de que sejam usados para cometer, ou facilitar, uma violação grave do direito humanitário internacional”.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, ficou “profundamente decepcionado” com a suspensão das 35 licenças, lembrando que a decisão coincidiu com o assassinato de seis reféns em Gaza e no momento em que Israel está lutando em múltiplas frentes, inclusive contra a poderosa milícia libanesa Hezbollah”. O comércio de armas entre Reino Unido e Israel alcançou 55 milhões de dólares (309 milhões de reais), em 2022. Para uma comparação, os EUA exportam cerca de 21 bilhões de reais por ano (3,8 bilhões de dólares) para Israel, por um acordo de dez anos em vigor até 2016.
Por mais cuidadoso que Lammy tenha sido ao anunciar o veto a algumas exportações de armas para Israel, o distanciamento do Reino Unido está crescendo visivelmente desde a eleição do primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer. Em julho, ele retirou as objeções ao mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apresentada pelo governo anterior. Em seguida, reiniciou o financiamento da UNRWA, a agência das Nações Unidas de ajuda aos palestinos, suspenso depois que Israel acusou uma dezena de seus funcionários de participação no massacre de 7 de outubro, ao lado de terroristas do Hamas, encerrado com 1.200 mortos e iniciando uma guerra que está no 11º mês, com mais de 40 mil mortos palestinos contados pelo Ministério da Saúde do Hamas, que não distingue civis de combatentes, que seriam 17 mil, segundo os israelenses.
O primeiro-ministro Starmer considerou que o corte de 35 das licenças de exportação poderia acalmar o seu partido, dividido pela guerra. Os críticos à esquerda estariam frustrados com a relutância do governo em assumir uma posição dura em relação a Israel. Para acalmar os israelenses, o governo britânico reiterou o direito de Israel à autodefesa, de acordo com o direito internacional. E disse que o protegerá, se atacado. O secretário Lammy também anunciou que o Reino Unido está impondo novas sanções às forças dos Guardiões da Revolução iranianas, que “têm um papel no apoio às ações por procuração no Iraque, Síria e Líbano”.