Moises Rabinovici

Rabino: quando Israel vai responder ao Irã

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Bombardeio Líbano
Reuters

O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel quatro dias depois que prometeu vingança pelo assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, soterrado por oito toneladas de bombas em Beirute. O suspense, agora, é sobre como e quando será dada a resposta de Israel.

Os mísseis iranianos, hipersônicos, de uma série nunca usada antes, chamada Fatah, mataram um palestino perto de Jericó. Talvez o que o atingiu tenha sido algum fragmento de um míssil detonado pelo sistema antiaéreo israelense. Destroieres dos EUA no Mediterrâneo e o reino da Jordânia também derrubaram mísseis, que o jornal Iran Daily disse que foram 400.

O governo israelense se reuniu num bunker de Jerusalém para decidir como vai responder. O ataque do Irã dá uma oportunidade ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de executar o sonho de destruir a capacidade nuclear iraniana, considerada uma ameaça permanente ao estado de Israel. Outro objetivo seriam os terminais de petróleo que é exportado principalmente para a China.

O governo israelense advertiu o Irã, antes que ele disparasse os seus mísseis, que a resposta seria “dolorosa”, que os iranianos teriam muito mais a perder do que a ganhar. Na segunda-feira, Netanyahu mandou uma mensagem gravada para os cidadãos do Irã, dizendo-lhes: “Estamos com vocês”. O inimigo, acrescentou, era o regime dos aiatolás. Enquanto os mísseis brilhavam no céu, o subúrbio do Hezbollah ao sul de Beirute, comemorava, com fogos de artifício e tiros para o ar.

Neste 361º dia da guerra iniciada em Gaza, e véspera do ano novo judaico de 5785, que começa nesta quarta-feira ao pôr do sol, Israel penetrou com infantaria e tanques no sul do Líbano, para acabar com arsenais do Hezbollah e criar uma zona tampão que permita a volta de 60 mil israelenses que fugiram para o sul em 8 de outubro, quando se tornaram alvos dos mísseis disparados em solidariedade ao Hamas, em Gaza.

Um balanço preliminar do ano de guerra em Gaza mostra um custo altíssimo em vidas:

1. Em Israel, morreram 1.200 pessoas em 7 de outubro; em combates, 600 soldados, e há 64 reféns ainda vivos cativos com o Hamas.

2. Em Gaza, mais de 41 pessoas mil foram mortas, segundo o Ministério de Saúde do Hamas, entre elas milhares de crianças e, segundo Israel, 19 mil combatentes.

3. No Líbano, o total de mortos ainda é incerto, talvez mil. Em Beirute há 1 milhão de refugiados

4. Cerca de 80 mil sul-libaneses fugiram dos bombardeios. Em Beirute, centenas de residentes dos subúrbios na mira da aviação israelense estão morando em praças e parques.

5. Do norte de Israel, 60 mil se deslocaram para o sul, há quase um ano, por causa dos mísseis diários do Hezbollah.

6. Em Gaza, milhões foram deslocados várias vezes e milhares se refugiaram em escolas e hospitais.

O que o Hamas começou, em 7 de outubro, e os mísseis iranianos desta terça-feira, transformaram o Oriente Médio.

Israel se tornou um país odiado pela reação brutal ao massacre selvagem sofrido, alvo de protestos em universidades e ruas no mundo, e julgado por genocídio pelo Tribunal de Haia. Os judeus da diáspora são hoje alvos de uma forte onda de antissemitismo.

O Hamas agora está reduzido à guerra de guerrilhas.

O Hezbollah, além de seu comandante há 32 anos, Nasrallah, perdeu seus meios de comunicação interna, com a explosão de pagers e walkie talkies; a maioria dos subcomandantes que cuidavam de áreas essenciais, como a dos drones, ou mísseis balísticos, ou o sul do Líbano. Uma fábrica de armamentos que mantinha na Síria foi destruída por um comando israelense helitransportado.

O Líbano está diante da oportunidade de restaurar sua soberania, substituindo as dominantes forças do Hezbollah pelo seu exército nacional.

O Eixo da Resistência criado, financiado e armado pelo Irã está enfraquecido, sem o poder original do Hezbollah. Os membros do eixo deveriam socorrer uns aos outros em casos de ataques como agora. Só os Houthis dispararam um míssil balístico contra Israel, interceptado no Mar Vermelho. A Síria, único estado além do Irã que faz parte do Eixo da Resistência, levou dois dias para lamentar a morte de Nasrallah, que salvou seu ditador, Bashar al-Assad, da guerra civil que ameaçava derrubá-lo. As milícias do Eixo da Resistência espalhadas pela Síria e Iraque estão sob monitoramento estreito dos Estados Unidos, com bases na região que seriam os seus alvos, mas que reagiram rapidamente. Restou o Irã, que atacou Israel diretamente, elevando o perigo de uma guerra aberta entre os dois países.

No primeiro aniversário da guerra iniciada em Gaza, Israel saiu da derrota na invasão do Hamas ao sucesso que fortalece a aliança dos Estados Unidos no Oriente Médio, formada pela Arábia Saudita e outros países árabes conservadores. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu cresceu nas sondagens de opinião pública, mas terá que responder a dois processos de corrupção e suborno, e à comissão de inquérito militar que investigará as responsabilidades pelo fracasso da inteligência militar que permitiu o massacre de 7 de outubro.

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