Rabino: o “inferno” de Trump desaba sobre Benjamin Netanyahu

O mesmo rascunho de um acordo rejeitado várias vezes pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi aceito por ele no fim de semana

Rabino: o “inferno” de Trump desaba sobre Benjamin Netanyahu
REUTERS/Ronen Zvulun

O mesmo rascunho de um acordo rejeitado várias vezes pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi aceito por ele no fim de semana. O responsável pela reviravolta foi Steven Witkoff, enviado especial do presidente eleito Donald Trump às negociações sobre Gaza no Catar. Ele não é diplomata, mas um agressivo empresário no setor de imóveis. E assustou a diplomacia israelense.

Na sexta-feira passada, Witkoff ligou do Catar avisando que estaria em Jerusalém na tarde do sábado. Explicaram-lhe que Netanyahu poderia se encontrar com ele só a noite, ao final do shabath. A reação dele foi inesperada: respondeu que, para ele, não havia shabath. E os dois se reuniram, sob alta tensão, e depois Witkoff voltou para Doha.

A imprensa israelense soube só na terça-feira que Witkoff forçou Netanyahu a aceitar os termos de um acordo, rejeitado durante seis meses. Ao mesmo tempo, segundo o jornal Haaretz, deu-lhe a desculpa de que não teve alternativa que não ceder à pressão. O inferno que desabaria em Gaza, prometido por Trump, desabou em Jerusalém. Aliados de Netanyahu torceram para que o Hamas rejeitasse o acordo, mas ele foi aceito.

As lamentações não foram dirigidas ao Muro das Lamentações. Foram repetidas entre aliados do governo e entre as famílias dos reféns, que esperavam que o acordo abrangesse todos os 94 reféns e não 33, numa troca única com prisioneiros e cessar-fogo. Os ministros da extrema-direita da coligação governamental talvez votem contra o acordo no Parlamento. Mas eles não têm mais os votos suficientes para derrubar Netanyahu, pois um dos partidos na oposição aliou-se ao governo e os líderes oposicionistas prometeram barrar qualquer iniciativa de agendar um voto de desconfiança.

Uma multidão reuniu-se na noite de terça-feira em Tel Aviv para apoiar o governo na conclusão do acordo. O Hamas não conseguiu, nas negociações, que o corpo de seu líder, Yahya Sinwar, fosse entregue para enterro e homenagens, e nem que Marwan Bargouthi fosse incluído na lista de prisioneiros que serão trocados pelos reféns. Ele é considerado “o” líder pelos palestinos com a mesma estatura de Yasser Arafat, e está condenado à prisão perpétua.

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