Moises Rabinovici

Rabino: Israel vai analisar proposta do Hamas para acordo de cessar-fogo

Embaixador dos EUA em Israel, Jack Lew, disse que ‘este plano oferece uma oportunidade para encerrar a guerra em Gaza e recuperar os reféns’

Por Moises Rabinovici

Rabino: Israel vai analisar proposta do Hamas para acordo de cessar-fogo
REUTERS/Ronen Zvulun/File Photo

O governo israelense vai examinar mais tarde uma nova proposta do Hamas para o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns paralisado desde junho. Antes, uma conversa está prevista entre o presidente Biden e o primeiro-ministro Netanyahu. O embaixador dos EUA em Israel, Jack Lew, disse, pela manhã, numa cerimônia de 4 de Julho, que “este plano oferece uma oportunidade para encerrar a guerra em Gaza e recuperar os reféns”.

Ao embaixador otimista, o presidente Herzog respondeu: “Não há uma casa ou família israelense onde os pensamentos sobre os reféns não estejam presentes. Não há serviço religioso na sinagoga, evento público ou mesmo ocasiões privadas onde a preocupação com os reféns não seja expressa claramente; onde uma oração, um clamor e uma exigência de seu retorno imediato não reverberam. Todos os querem de volta para casa. A expectativa de que o país os traga de volta para casa está no centro do consenso israelense”.

Problema para o acordo, segundo uma fonte de segurança israelense: “O Hamas continua a insistir em uma cláusula principal que impediria Israel de retornar à luta após a primeira fase (há três fases previstas), o que é inaceitável”. Há outros impasses menores, talvez contornáveis.

Restam 120 reféns em Gaza, nos cálculos de Israel. O grupo Jihad Islâmica Palestina (JIP), que estaria com vários deles, afirma que “alguns prisioneiros inimigos tentaram o suicídio por se sentirem extremamente frustrados com a negligência do governo israelense em libertá-los”. A informação pode ser verdadeira ou feita para inflamar mais os familiares dos reféns, que pressionam Netanyahu a aceitar o acordo.

O porta-voz das brigadas Al Quds do JIP, Abu Hamza al-Masri, disse que “continuaremos a tratar os reféns israelenses da mesma forma que Israel trata os nossos prisioneiros”, o que é preocupante, pois prisioneiros palestinos libertados nesta semana, por falta de vaga nos presídios, denunciaram que foram maltratados e torturados.

Outra fonte de grande pressão para a aceitação do acordo, por Israel, é o Hezbollah, que disparou mais de 200 mísseis, morteiros e 20 drones contra o norte israelense, desde quarta-feira pela manhã, por causa do assassinato de mais um de seus comandantes regionais, em Tiro, no sul do Líbano. Os campos da Galileia e próximos à fronteira libanesa estão em chamas. O Hezbollah iniciou uma guerra de desgaste em solidariedade ao Hamas, há nove meses, e só cessa o fogo se houver trégua em Gaza. A continuação, porém, pode desencadear uma guerra regional, porque atrairia o Irã contra Israel.

Agora há mais um dado inesperado a forçar um acordo, mesmo que ele não satisfaça inteiramente Israel. Para o enfraquecido Joe Biden seria uma grande vitória, em meio aos clamores para que renuncie depois de sua performance no debate contra Trump, na semana passada. Netanyahu, que deve falar ao congresso americano, na segunda quinzena de julho, deve a Biden um reconhecimento por tudo que ele fez, desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.

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