Rabino: Estados Unidos e Irã pressionam Israel por acordo

A vingança prometida pelo Irã pelo assassinato de líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, seria trocada e compensada pelo acordo de cessar-fogo

Por Moises Rabinovici

Rabino: Estados Unidos e Irã pressionam Israel por acordo
Manifestantes carregam fotos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto no Irã
Manifestantes carregam fotos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto no Irã | Majid Asgaripour/WANA via REUTERS

A manchete do jornal israelense Haaretz parece irreal: “Biden e Khamenei estão preparando um acordo. Israel não percebeu os primeiros sinais”. O editorial levanta uma suspeita: os Estados Unidos e o Irã teriam um canal de comunicação direto?

Nesta quinta-feira vão se encontrar os negociadores dos EUA, Catar, Egito e Israel – “a cúpula da última oportunidade”, em Doha. O Irã manifestou o desejo de enviar uma delegação. E o Hamas, que informou que não participaria, “estará representado”, segundo fontes catarianas.

A vingança prometida pelo Irã pelo assassinato de líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, seria trocada e compensada pelo acordo de cessar-fogo e libertação de reféns e prisioneiros palestinos, após 11 meses de guerra. Os EUA estão mobilizando suas forças em todo o Oriente Médio, aprovaram uma nova venda de armas de 20 bilhões de dólares para Israel e querem afastar a fúria pró-palestina contra a vice e candidata Kamala Harris, que será referendada na segunda-feira na Convenção Democrata.

O enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, Amos Hochstein, saiu de uma reunião com o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, nesta quarta-feira, declarando: “Continuamos a acreditar que ninguém realmente quer uma guerra em grande escala entre o Líbano e Israel”. Os embaixadores norte-americano, britânico e alemão em Tel Aviv e Jerusalém divulgaram um apelo público para um acordo imediato para Gaza.

O resumo, para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: ele vai ter que escolher entre acabar com a guerra ou aceitar um “acordo de reféns”, como é conhecido entre os israelenses. Ele está sem espaço para ganhar tempo. Duas forças o pressionam: as famílias dos reféns, que se manifestam semanalmente, e seus ministros de extrema-direita do partido Otzma Yehudit, Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), que, contra o acordo e a favor da anexação da Cisjordânia, prometem deixar o governo em minoria no Parlamento, provocando novas eleições.

Embora tenha enviado os negociadores titulares para Doha, os chefes do Mossad e do Shin Bet, o primeiro-ministro Netanyahu não lhes deu liberdade de manobra. A questão-chave é a retirada de Israel do Corredor Netzarim, ou Filadélfia, e a volta dos habitantes de Gaza às suas casas no Norte. Cerca de 1,9 milhão de palestinos estão numa área designada humanitária, em Muwasi, sob condições precárias. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, abriu uma discussão pública com Netanyahu, nesta semana, ao contradizê-lo quanto a perseguir “uma vitória total sobre o Hamas”, uma das justificativas para prosseguir com a guerra.

Segundo o jornal Haaretz, “Biden está dizendo a Netanyahu para salvar Haifa e Tel Aviv da destruição, recuperar alguns dos reféns e um pacote de ajuda para reabilitar as Forças de Defesa de Israel e, em troca, retirar-se de Gaza, libertar os prisioneiros palestinos seniores e deixar o líder do Hamas, Yahya Sinwar, a declarar que ganhou a guerra.”

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