Moises Rabinovici

Rabino: A resolução da discórdia para Gaza

Por Moises Rabinovici

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Benjamin Netanyahu durante visita a Faixa de Gaza
Divulgação/IsraeliPM

A resolução de cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza aprovada pela ONU por 14 votos e uma abstenção, a dos EUA, não deverá ser implementada por Israel e nem pelo Hamas. Ela é “non-binding”, ou não obrigatória, como dizem porta-vozes do governo americano -- ou, ao contrário, teria, sim, força de lei, mas sem o poder para exigir que seja cumprida. A resolução não afeta o Hamas, que não faz parte da ONU.

Apresentada por 10 membros não permanentes do Conselho de Segurança, com o texto final de Moçambique negociado até o último minuto, a resolução, de número 2728, pede um cessar-fogo durante o mês sagrado do Ramadã, que vai acabar em duas semanas. Os EUA pediram que “cessar-fogo permanente” fosse trocado por “cessar fogo duradouro”, e que ambos os lados criassem condições para que a trégua fosse mantida. No texto final, lê-se: "cessar-fogo sustentável duradouro".

O Hamas elogiou em um comunicado: "Enfatizamos a importância de se chegar a um cessar-fogo permanente que levará à retirada de todas as forças sionistas da Faixa de Gaza e ao retorno dos prisioneiros às suas casas". Não menciona os 134 reféns sequestrados em Israel na invasão de sete de outubro. O governo israelense reagiu como se tivesse levado um golpe de seu maior aliado, os EUA, suspendendo a viagem de uma delegação de militares a Washington, nesta segunda-feira, a pedido do presidente Joe Biden, que queria ver os planos da ofensiva terrestre contra Rafah, o último reduto do Hamas, numa área com mais de um milhão de palestinos civis.

"À luz da mudança da posição americana, o primeiro-ministro Netanyahu decidiu que a delegação não viajará para os Estados Unidos", declarou o governo israelense num comunicado. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, explicou à imprensa que a abstenção não representou uma "mudança de política" para o presidente Biden. "Não há razão para que isso seja visto como algum tipo de escalada", disse ele.

Os co-patrocinadores da resolução foram Argélia, Equador, Guiana, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia e Suíça. O grupo reconhece os esforços dos negociadores em Doha, no Catar, para implantar um cessar-fogo de seis semanas, tempo em que Israel e o Hamas deverão trocar 800 prisioneiros palestinos por 40 reféns. O governo israelense aceitou os termos do acordo no domingo, faltando agora a resposta do Hamas.

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