Moises Rabinovici

Rabino: a escalada entre Israel e Hezbollah: 100 aviões contra 320 mísseis

Por Moises Rabinovici

Rabino: a escalada entre Israel e Hezbollah: 100 aviões contra 320 mísseis
Reprodução/Jornal da Band

Os rotineiros tiroteios de mísseis entre o grupo Hezbollah e Israel escalaram para uma grande batalha na manhã deste domingo: cem caças israelenses bombardearam 40 alvos no sul do Líbano, mas não impediram a reação com 320 mísseis e drones lançados contra o norte de Israel.

Os dois lados cessaram o fogo durante a tarde local (6 horas a mais de Brasília). Não é “o fim da história”, como declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao explicar por que ordenou o ataque preventivo: “O Hezbollah tentou atacar o estado de Israel com foguetes e drones. Nós instruímos o IDF (Forças de Defesa de Israel) a realizar um ataque poderoso e preventivo para eliminar a ameaça”.

O líder do Hezbollah vai falar no final da tarde, pela TV. O ataque preparado contra Israel, detectado por serviços de inteligência israelense e ocidental, seria a vingança prometida pelo assassinato do comandante Fuad Shukr, por Israel, num subúrbio de Beirute, no mês passado.

Um dos líderes da oposição, Samy Gemayel, pediu neste domingo que o Hezbollah seja desarmado, como aprovado pela Resolução 1559 da ONU, de 2004, devolvendo ao Líbano o exercício de sua soberania de todo o território libanês. Seu partido Kataeb tem apenas 4 cadeiras no Parlamento de 128 deputados.

“Após a resposta e a resposta a resposta e a resposta a resposta à resposta, ficou claro que nenhum dos lados pretende expandir a guerra; então, é necessário interromper, imediatamente, as operações militares e avançar em direção a um cessar fogo para evitar mais destruição sem sentido” — disse Samy, neto de Pierre Gemayel, o fundador do partido Kataeb, as Falanges, que congrega os maronitas libaneses.

O Hezbollah começou a atirar contra Israel em solidariedade ao Hamas, logo depois do massacre de 7 de setembro no “envelope de Gaza”, onde estão os vilarejos, kibutzim e cidades israelenses da fronteira. A vingança pela morte de seu comandante Shukr, depois que um míssil disparado do sul do Líbano matou 12 crianças drusas nas Colinas do Golã, foi adiado à espera de um acordo de cessar-fogo entre o Hamas e Israel, do qual se espera algum desdobramento neste domingo, com a reunião da cúpula dos negociadores no Cairo.

Desde sexta-feira, porém, militares israelenses informavam que o Hezbollah estava se descolando do acordo de cessar-fogo em Gaza, e de um prometido ataque iraniano a Israel, pelo assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, para iniciar sua retaliação.

O Hamas elogiou o ataque do Hezbollah deste domingo, que descreveu como “resposta forte e focada” que “atingiu profundamente a entidade sionista como um tapa na cara”. Segundo o porta-voz militar israelense, só um ferido foi registrado, atingido por estilhaços, e já recebeu alta hospitalar. Do lado libanês, as primeiras informações são de que houve três mortos no ataque de Israel.  

O presidente da Unidade Nacional israelense, Benny Gantz, lamentou que o ataque tenha sido “muito pouco e muito tarde”, criticando o governo por não garantir que os moradores do norte, deslocados para o sul há 10 meses, pudessem voltar para o norte. Dos dois lados da fronteira seriam 150 mil deslocados, dos quais 70 mil israelenses. Ele acrescentou: “Devemos manter a vantagem da iniciativa que foi tomada e aumentar a pressão política e militar”.

No seu discurso após o ataque, Netanyahu declarou:

“Israel está atingindo o Hezbollah com golpes surpreendentes e esmagadores. Três semanas atrás, eliminamos seu chefe de gabinete. Hoje, frustramos seu plano de ataque. [Hassan do Hezbollah] Nasrallah em Beirute e [Aiatolá Ali] Khamenei em Teerã devem saber que este é mais um passo no caminho para mudar a situação no Norte e devolver nossos moradores em segurança para suas casas.”

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