Polícia identifica as 10 vítimas da tragédia em Capitólio (MG)

Dez pessoas morreram no desabamento de um paredão rochoso na região dos cânions

Por Felipe BambaceGuilherme Cimatti

O Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil de Minas Gerais já confirmaram a identidade das 10 vítimas do desabamento de um paredão na região dos cânions no Lago de Furnas, em Capitólio, no sábado (8). 

Quem são as vítimas:

  • Julio Borges Antunes, 68 anos
  • Maycon Douglas de Osti, 24 anos
  • Camila da Silva Machado, 18 anos
  • Sebastião Teixeira da Silva, 64 anos
  • Marlene Augusta Teixeira da Silva, 57 anos
  • Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14 anos
  • Geovany Teixeira da Silva, 37 anos
  • Thiago Teixeira da Silva Nascimento, 35 anos
  • Rodrigo Alves dos Anjos, 40 anos
  • Carmem Pinheiro da Silva, 43 anos

Todos estavam na mesma lancha, que tinha o nome de “Jesus”. 

As buscas no Lago de Furnas continuarão pelos próximos dias, anunciaram no domingo (9) a Defesa Civil e a polícia. Segundo os órgãos, os trabalhos prosseguirão porque, embora todos os dez mortos tenham sido resgatados, alguns tiveram somente pedaços de corpos encontrados.  

Além disso, a polícia aguarda eventuais comunicações de novos desaparecimentos, no caso de eventuais turistas que estavam sozinhos. 

“Pode ser que uma pessoa ou um casal estivesse caminhando e tenha caído uma pedra. Até o momento, nenhum dos órgãos recebeu informação de outros desaparecidos. Nós estamos iniciando e não temos pressa de terminar os trabalhos”, disse o delegado Marcos Pimenta.

Tragédia em Capitólio (MG)

Quatro lanchas foram atingidas por um deslizamento de pedras causado por uma “tromba d'água” na região dos cânions no Lago de Furnas, em Capitólio, Minas Gerais, no sábado (8). As embarcações levavam turistas.

Há registro de ao menos 32 feridos. Dez pessoas morreram.

A Marinha do Brasil informou, em nota, um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias do acidente. O trabalho será feito em conjunto com a Polícia Civil da região.

Foto indicava perigo

Uma foto tirada em 2012 por um turista já alertava para os riscos de uma enorme rachadura no paredão que desabou. Segundo o engenheiro geotécnico Paulo Afonso, a foto indica que o local deveria ter sido internado há anos para que não recebesse turistas.  

“Sim, é um sinal de perigo. Essa trinca está muito grande. Podemos comparar com esse senhor que aparece embaixo e observar que a largura é maior do que a espessura de uma pessoa. Podemos falar grosseiramente em mais de 30 cm”, explicou. 

"É uma evidência, um sinal iminente de tombamento do bloco. Com uma trinca dessa magnitude ninguém poderia estar ali embaixo. Deveria haver uma linha de segurança, aqueles barris boiando informando que era uma região perigosa”, completou o engenheiro.

Vídeo mostra desespero

Um vídeo divulgado pela BandNews TV mostra o desespero de turistas e guias que presenciaram o deslizamento de pedras. 

As imagens foram gravadas por pessoas que estavam em uma embarcação mais distante do local do acidente. Elas observam o início do descolamento da rocha e tentam alertar passageiros e tripulantes de outras lanchas. 

“Está caindo pedra! Aquele ‘pedação’ ali vai cair. Sai daí! Vai cair!”, gritam. Em poucos minutos, a rocha desaba e atinge quatro embarcações. 

Responsabilidades

O engenheiro especialista em gerenciamento de riscos Gerardo Portela disse que o vídeo acima revela o “despreparo” dos guias turísticos que comandavam as expedições na cidade.

“Esse vídeo acrescenta muito. Mostra o despreparo dos guias turísticos diante do que está acontecendo. Houve tempo suficiente para se afastar, mesmo considerando que estavam em barcos muito cheios, com motores de pouca potência. Eles se posicionaram de forma errada, de proa para a região de perigo. Um deles não teve como reverter e apontar para a rota de fuga, retardando o processo", explicou.

“Essas pessoas não estavam preparadas para perceber o que estava acontecendo, isso é grave. Subestimaram o que estava acontecendo, mostraram tudo como se fosse um atrativo. Temos aí questões envolvendo até mesmo código penal", declarou.

De acordo com o especialista, caso a suspeita se confirme após a investigações oficiais, as empresas de turismo responsáveis pelos guias e as autoridades locais poderão ser responsabilizadas.

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