Conhecida como a dama do Carnaval do Rio de Janeiro, a carnavalesca Rosa Magalhães morreu nesta quinta-feira (25), aos 77 anos, vítima de um infarto.
Rosa tem o maior número de títulos no sambódromo carioca: foi campeã por 7 vezes nos desfiles das escolas de samba.
Também recebeu Ordem do Mérito Cultural (OMC), título de honra dado pelo presidente da República como reconhecimento por contribuições à cultura brasileira.
Além disso, a carnavalesca foi responsável pela festa de encerramento dos Jogos Olímpicos disputados no Rio, em 2016, e ganhou um Emmy de melhor figurino na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos, em 2007.
Os figurinos de Carnaval de Rosa foram exibidos em exposições de arte pela Europa, como na Quadrienal de Praga e na Bienal de Veneza.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) publicou nota de pesar em homenagem à artista.
“A Liesa lamenta profundamente a perda de Rosa Magalhães, carnavalesca que fez história no carnaval. Nossos mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares".
Do início no Carnaval ao tricampeonato
Nascida em 1947 no Rio de Janeiro, Rosa era filha do escritor e acadêmico Raimundo Magalhães Júnior, integrante do júri do primeiro desfile das escolas de samba, em 1932, e da autora de teatro Lúcia Benedetti.
Formou-se em Pintura pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e em Cenografia pela Escola de Teatro da Uni-Rio.
Começou a atuar no Carnaval carioca em 1971, quando trabalhou com o grupo liderado por Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues.
A equipe, que atuava na escola de samba Salgueiro, também tinha como integrantes Mary Augusta, Lycia Lacerda e Joãosinho Trinta.
Em 1982, Rosa fica à frente de um enredo pela primeira vez - junto com Lícia Lacerda, que conheceu trabalhando nos figurinos da Portela anos antes - na Império Serrano.
O famoso tema "Bumbum Paticumbum Prugurundum" foi o vencedor daquele ano. A carnavalesca passou por diversas escolas, como Tradição, Estácio de Sá e Salgueiro, mas teve sua consagração na Imperatriz Leopoldinense.
De 1992 a 2009 assumiu o carnaval da agremiação e ajudou a Imperatriz a conquistar cinco de seus oito campeonatos. Rosa também detém o primeiro tricampeonato da Era Sambódromo, que teve início em 1984.
"Rosa promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre estará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e principalmente por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo", homenageou a escola.
Outras agremiações, como Viradouro, Salgueiro e Mangueira também homeagearam a artista, além de colegas de profissão, como o carnavalesco Milton Cunha e o coreógrafo Carlinhos de Jesus.
"Tudo que eu fiz na minha vida, pesquisa, toda a minha leitura, as minhas entrevistas eu tive Rosa Magalhães como referência", escreveu Carlinhos.
Temas campeões de Rosa Magalhães no Grupo Especial do Rio
- 1982 - Império Serrano - Bum Bum Paticumbum Prugurundum
- 1994 - Imperatriz - Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e Tabajeres
- 1995 - Imperatriz - Mais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube, lá no Ceará
- 1999 - Imperatriz - Brasil mostra a sua cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasilie
- 2000 - Imperatriz - Quem descobriu o Brasil foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval
- 2001 - Imperatriz - Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, pernambuco… Quero vê descê o suco, na pancada do ganzá
- 2013 - Vila Isabel - A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - "Água no feijão que chegou mais um..."