Apontado como fundador do grupo Wagner, o tenente-coronel Dmitry Utkin, de 53 anos, morreu na queda do avião ao norte de Moscou nesta quarta-feira (23), de acordo com informações do governo russo.
Braço direito de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo, o ex-militar também estava na lista de dez passageiros que embarcaram no jato Legacy 600, da empresa brasileira Embraer.
A aeronave caiu em Tver, ao norte da capital russa, enquanto ia para São Petersburgo. Veja o momento da queda no vídeo abaixo.
Nascido em 1970 na União Soviética, em região que hoje pertence à Ucrânia, Utkin entrou para Departamento Central de Inteligência da Rússia - conhecido como GRU - com 33 anos de idade. Deixou o serviço militar em 2013 , no ano seguinte, teria fundado o grupo Wagner.
Ligações nazistas
Em homenagem a um dos compositores favoritos de Adolf Hitler, Utkin usava Wagner como codinome em transmissões de rádio quando fazia parte do Exército russo. A organização paramilitar teria sido nomeada em referência a ele.
Além do nome ligado ao ditador, o ex-militar teria tatuagens nazistas. Em imagens que sugiram em grupo de Telegram ligado ao grupo Wagner, um homem que seria Utkin aparece com o símbolo da SS estampado no ombro.
Mais abaixo no peito, uma águia imperial pode ser vista. Os dois signos estavam presentes no uniforme da divisão militar da SS, guarda criada originalmente para proteção pessoal de Hitler que virou o esquadrão de elite do Partido Nazista.
Militar condecorado e ex-combatente de guerra
Além de ter sido parte do serviço de inteligência militar russo por 30 anos, de 1993 a 2013, Utkin foi veterano das duas guerras da Chechênia. Os conflitos armados giravam em torno da busca por autonomia da região em relação à Rússia.
No Exército, chegou à patente de tenente-coronel. Logo depois deixar as Forças Armadas, o suposto fundador do grupo Wagner trabalhou para o Moran Security Group, uma empresa privada do ramo de segurança fundada por veteranos militares russos.
Em 2016, Utkin foi agraciado com quatro Ordens da Coragem pelo governo da Rússia. No evento, mais de 300 soldados e civis, que “demonstraram particular coragem e heroísmo” foram pessoalmente agradecidos pelo próprio presidente Vladmir Putin.
Na ocasião, Dmitry Peskov, secretário de imprensa do presidente russo, não comentou a ligação de Utkin com os mercenários. O veterano dos conflitos da Chechênia é acusado de envolvimento em numerosos crimes de guerra, incluindo na Síria.
