Um veterano da Guarda Nacional do Exército, ex-professor e que ajuda "famílias trabalhadoras como a dele". Foi assim que a atual vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, anunciou seu agora candidato a vice, o governador do estado de Minnesota, Tim Walz.
Pouco conhecido nacionalmente, Walz é um ex-deputado que apela para o eleitor americano branco, de áreas rurais, um perfil cada vez mais convencido a endossar a candidatura republicana do ex-presidente Donald Trump. Nascido em West Point, Nebraska, ele foi duas vezes eleito governador por Minnesota, depois de passar cinco mandatos na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.
Walz, um "homem do povo" do meio-oeste
O estado governado por Walznão é conhecido como decisivo. Minnesota votou nos democratas nas últimas 12 eleições presidenciais e tem apenas 10 votos no Colégio Eleitoral. Mas os democratas esperam que o governador traga com ele os eleitores do meio-oeste americano.
A escolha de Harris foi vista como uma forma de consolidar o apoio da população de Wisconsin e Michigan, fundamentais para a eleição deste ano, que preteriram Hillary Clinton na disputa contra Trump em 2016, além da Pensilvânia, conhecido como um estado-pêndulo. A região, que faz parte do chamado cinturão da ferrugem americano, também é foco de campanha de J. D. Vance, senador escolhido por Trump para concorrer a vice da chapa republicana.
Walz se alistou na Guarda Nacional após o ensino médio e serviu por 24 anos. Ele também trabalhou como professor, primeiro na China e depois nos EUA, nos estados de Nebraska e Minnesota, onde treinou o time de futebol americano de uma escola de ensino médio para seu primeiro campeonato estadual da história.
"Ele não é muito conhecido nacionalmente, mas seu histórico lhe permite falar com credibilidade a um determinado setor do eleitorado", disse à DW Filippo Trevisan, cientista político da American University em Washington, D.C.
Para Trevisan, Harris escolheu Walz para "alcançar os eleitores que eles precisam nas áreas rurais dos Estados Unidos".
"Walz criticou [Donald] Trump e [seu companheiro de chapa JD] Vance por não conhecerem a classe média", disse Trevisan. "Walz é da classe média", acrescentou.
A campanha de Harris diz que arrecadou mais de 20 milhões de dólares desde que Walz foi anunciado como vice em sua chapa, na terça-feira (06/08).
Cabo de guerra por porte de George Floyd
De 2007 a 2019, Walz representou seu distrito em Minnesota na Câmara dos Deputados dos EUA, onde atuou como membro do Comitê de Assuntos de Veteranos.
Em 2018 e 2022, venceu a eleição para governador de Minnesota. Durante seus mandatos, liderou várias iniciativas de políticas progressistas, como proteção do direito ao aborto, legalização da maconha recreativa e fornecimento de refeições escolares gratuitas para todas as crianças.
Ele também investiu em medidas para combater as mudanças climáticas, diminuiu os impostos para a classe média e melhorou o sistema de licença remunerada para trabalhadores.
Foi em seu estado e durante seu mandato que um policial de Minneapolis sufocou e matouo afro-americano George Perry Floyd durante uma abordagem, um episódio que voltou à tona com sua escolha para a vice.
Republicanos agora acusam Waltz de ter demorado para mobilizar as forças de segurança contra os protestos que seguiram a morte de Floyd, enquanto democratas afirmam que sua atuação foi fundamental para a responsabilização dos policiais envolvidos.
Chamando a chapa de Trump de "esquisita"
Walz era um azarão entre os cotados à vaga de vice na chapa de Harris, mas fez muitas aparições na mídia, nas quais destacou suas raízes rurais – ele e seus três irmãos foram criados na pequena cidade de Valentine, Nebraska – e seu apelo de homem comum.
Ele ganhou os holofotes quando chamou a chapa republicana de Trump e Vance de "esquisita" em uma entrevista à emissora americana MSNBC. O rótulo se tornou viral e foi adotado pela campanha de Harris, que o utilizou em comunicados à imprensa e publicações nas mídias sociais.
Walz também declarou que acredita que os republicanos destruíram a zona rural dos Estados Unidos e dividiram a população. O objetivo da chapa Harris/Walz, segundo ele, é unir as pessoas em torno de valores como escolas públicas sólidas e assistência médica acessível.
Na outra ponta, Trump e Vance imediatamente chamaram Walz de extremista, disspiando as críticas normalmente antes focadas em Harris.
"Esta é a dupla de esquerda mais radical da história americana", escreveu Trump nas redes sociais.
gq/le (reuters, ap)