Saiba quem é e quais os crimes de Rogério de Andrade, preso por morte de contraventor

Bicheiro é acusado de homicídio qualificado do também banqueiro do Jogo do Bicho Fernando Iggnacio

Da redação

Rogério de Andrade foi preso em casa, no RJ
Reprodução

Rogério de Andrade, preso nesta terça-feira (29) acusado pelo homicídio qualificado do bicheiro Fernando Iggnacio, tem uma vasta lista de acusações. O também contraventor é responsável pela exploração do Jogo do Bicho na região da Zona Oeste do Rio de Janeiro desde a morte do tio, Castor de Andrade. 

Com a morte de Castor de Andrade, os negócios teriam sido divididos primeiramente entre o filho dele, Paulo Roberto, Rogério e o genro, Fernando Iggnácio. Paulo Roberto morreu em 1998, executado com cinco tiros na Barra da Tijuca. 

Já Fernando Iggnácio morreu em 2020, assassinado a tiros em novembro de 2020 em um heliporto no Recreio dos Bandeirantes. Rogério é investigado como mandante dos dois crimes, já que assumiu a exploração do Jogo do Bicho, das máquinas caça-níqueis, bingos e cassinos na região da Zona Oeste

Rogério chegou a ser condenado, mas foi inocentado duas vezes pelo Supremo Tribunal Federal. Ele nega a autoria dos crimes. A Polícia Federal aponta que a disputa entre Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio entre 1999 e 2007 resultou em 50 mortes e há suspeitas de que as disputas pelo controle do Jogo do Bicho no Rio de Janeiro tenham vitimado centenas de pessoas. 

O próprio Rogério de Andrade também sofreu com um atentado em um hotel, na Barra da Tijuca, em 2001. O filho dele, Diogo, foi morto na Barra da Tijuca quando o carro que ele dirigia explodiu quando estava parado no semáforo na Avenida das Américas, também na Barra. 

Jogo do Bicho é proibido, mas popular

Criado em 1892, o Jogo do Bicho tem 132 anos com falta de regulação e enriquecendo bicheiros e milicianos, principalmente no Rio de Janeiro. O jogo, criado como atração para visitantes do jardim zoológico na zona norte da cidade, se espalhou e virou aposta em ruas, praças e cafés. 

Segundo o historiador Milton Teixeira, o jogo se tornou contravenção logo após se popularizar. “Já nos primeiros anos da República né, as apostas se tornaram uma contravenção porque a República tinha aquela ideia de que o trabalhador deveria somente ganhar dinheiro pelo seu trabalho e não por jogos de sorte, de azar”, afirma. 


A proibição oficial dos jogos de azar no Brasil veio em 1941, mas o Jogo do Bicho seguiu de forma ilícita, abrindo espaço para disputa no poder paralelo. Carol Grillo, socióloga e especialista em segurança pública, fala que há disputas por territórios de vendas. “Eles acabam se utilizando de acertos de contas violentos, ou de disputas violentas, isso contribui com o aumento da taxa de homicídios”, pontua. 

Em 1993, em um julgamento histórico, a juíza Denise Frossard condenou à prisão 14 famosos bicheiros, mas após recursos e manobras judiciais, todos acabaram soltos. De lá para cá, a disputa pelo espólio do Jogo do Bicho resulta em mortes e prisões. Atualmente, a teia de corrupção da contravenção inclui agentes públicos e milicianos. 

Não há como saber exatamente quanto esse grupo movimenta por mês ou por ano. Para ter uma ideia, a última investigação da Polícia Civil aponta que só Bernardo Bello, apontado como atual chefe da contravenção do Rio, teria lucro de R$ 200 mil por dia com 10 máquinas caça-níqueis e 10 mil pontos de Jogo do Bicho na região central e zona sul do Rio. 

Antes de Rogério de Andrade, o último preso relacionado com a contravenção do Jogo do Bicho foi Capitão Guimarães, acusado de homicídio e pela relação com o jogo de apostas. Ele, segundo a Polícia Federal, faz parte da quadrilha que teria matado Fábio Aguiar Sardinha, em julho de 2020. 

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