Quem é Rafael Leão, professor da Unicamp que foi gravado agredindo alunos

Apesar dos relatos dos estudantes, Polícia Civil apontou Rafael como vítima, por lesão constatada no quadril

Da redação

Quem é Rafael Leão, professor da Unicamp que foi gravado agredindo alunos
Rafael Leão, professor do Instituto de Matemática da Unicamp
Reprodução/IMECC

Uma briga entre o professor da Unicamp Rafael Leão e o estudante João Gabriel Cruz foi gravada nesta terça-feira (3) durante greve da universidade.  No vídeo, os dois caem no chão, os seguranças do campus separam e retiram uma faca do docente. Assista abaixo.

Antes, o professor também foi acusado de tentar atacar o aluno Gustavo Bispo, de 20 anos, com a lâmina. A Polícia Civil entendeu, no entanto, que o docente foi a vítima, de acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).  

O professor foi levado para o 7º DP de Campinas, onde ele e um aluno prestaram depoimentos para um termo circustanciado (TC), usado para infrações de menor potencial ofensivo. Rafael foi visto como alvo de lesão corporal e incitação ao crime.

Segundo os advogados de Leão, foi constatada uma lesão leve no quadril do professor. O caso foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal.

Carreira na Unicamp e fotos com armas

  • Bacharel, mestre e doutor pela Unicamp, Rafael de Freitas Leão é professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da instituição há 16 anos e hoje ganha salário de R$18 mil.
  • Começou a lecionar no local em 2007, como professor temporário, e virou funcionário público da Unicamp dois anos depois.
  • De 2008 a 2009, foi professor adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
  • Nas redes sociais, Rafael costumava postar fotos com armas. Em uma imagem, é possível vê-lo treinando tiro (veja abaixo).
  • Também se colocava contrário à esquerda política.
  • "Jamais será vermelha", dizia a legenda de uma fotografia que publicou da bandeira do Brasil.
  • Seu perfil do Instagram apareceu desativado nesta terça-feira.
  • A defesa de Rafael diz que ele carregava a faca e spray de pimenta para a universidade porque sofreu ameaças de alunos em 2016.
  • Além do inquérito policial, a reitoria da Unicamp instaurou processo administrativo para apurar a conduta do docente. (leia a íntegra abaixo).
  • "Neste momento, devem ser repelidas as acusações que, porventura, são direcionadas ao professor, que já prestou seus esclarecimentos na delegacia", disse, em nota, o advogado que representa o professor.

O que dizem os estudantes

A Unicamp amanheceu em paralisação nesta terça-feira, aprovada por centros acadêmicos em apoio à greve de Metrô, CPTM e Sabesp em São Paulo.

Segundo relata, o diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Gustavo Bispo, teria ido avisar Rafael Leão que as aulas estavam suspensas, quando o docente o ameaçou com a lâmina.

"Um professor pegou no meu braço, me jogou no chão e levantou uma faca pra mim. É um absurdo que isso aconteça", conta o aluno.

Depois, o docente é gravado em briga com João Gabriel Cruz, que aparece nas imagens acima. Um membro do DCE conta que mais uma jovem foi acuada pelo docente. "O professor sacou uma faca e um spray de pimenta e ameaçou os estudantes".

O diretório informou que busca “a exoneração imediata do agressor e sua prisão, visto que cometeu um crime que conta com testemunhas, fotos e vídeos”.

O que diz a defesa de Rafael

Os fatos serão devidamente apurados na esfera cabível, em busca da verdade e, neste momento, devem ser repelidas as acusações que, porventura, são direcionadas ao professor, que já prestou seus esclarecimentos na delegacia"e se coloca à disposição das autoridades competentes.  

José Pedro Said Júnior

Nota da Unicamp

A Reitoria da #Unicamp vem a público repudiar os atos de violência praticados no campus de Barão Geraldo, nesta manhã do dia 03 de outubro. A conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis.

Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos.

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