Quem é Filipe Martins, preso pela PF na operação Tempus Veritatis

Ex-assessor do governo Bolsonaro ganhou fama após suposto gesto supremacista em transmissão do Senado

Da Redação

Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, foi preso pela PF
Reprodução/Agência Senado

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (8) Filipe Garcia Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Os mandados de prisão foram cumpridos no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente Jair Bolsonaro no poder.  

As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito. O objetivo era viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

Um segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

Segundo a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Martins teria entregado ao então presidente uma minuta de decreto golpista logo após as eleições de 2022. 

Segundo as investigações, houve uma reunião no Palácio do Alvorada, onde o Martins levou o documento o Bolsonaro. 

Ele teria dito: “O plano é esse, vamos intervir sobre o TSE, vamos intervir sobre o Supremo Tribunal, e sobre o Congresso Nacional. Vamos fazer uma intervenção sobre esses poderes e vamos prender Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco”. 

Filipe Martins fez isso acompanhado de um jurista, um advogado chamado Amauri Peres Saad, que ele que teria redigido esse documento. 

Em nota, a defesa do ex-assessor afirma que o procedimento de prisão tramita em segredo de Justiça e que “não teve acesso à decisão que fundamentou as medidas”.

Ligação com extrema-direita dos EUA

Martins, 36 anos, foi assessor de assuntos internacionais durante o governo Bolsonaro. Ele fazia parte da “ala ideológica” do governo, ligada aos ensinamentos do filósofo Olavo de Carvalho. 

Em suas redes sociais, ele divulgava fotos ao lado do jornalista Tucker Carlson e Steve Bannon, figuras proeminentes da extrema-direita dos Estados Unidos. 

O assessor era ativo na militância pelas redes sociais, com recorrentes publicações pró-governo. Durante as eleições de 2022, chegou a pedir fiscalização ostensiva dos eleitores nas zonas de votação.  

Ocorreu um problema ao carregar o tweet

A última publicação de Martins na rede social X (antigo Twitter) foi realizada no dia 30 de outubro de 2022, dia das eleições presidenciais.  

Polêmica sobre suposto gesto supremacista

  • Filipe Martins ganhou notoriedade após ser pivô de uma crise no governo em março de 2021.
  • Durante uma transmissão ao vivo da TV Senado, o ex-assessor foi visto fazendo o gesto de “ok” com os dedos.
  • O movimento é usado por grupos supremacistas norte-americanos, significando white power (poder branco).
  • O Ministério Público Federal chegou a pedir a prisão de Martins pelo ato.
  • Ele foi absolvido em primeira instância, mas a decisão foi derrubada em 2023.
  • O ex-assessor segue investigado pelo ato.

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