Queiroga sobre vacinação infantil: "A pressa é inimiga da perfeição"

Segundo o ministro, os pais de crianças de 5 a 11 anos "terão a resposta no momento certo"

Por Túlio Amâncio

Ao comentar a possibilidade de vacinação de crianças contra covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na manhã desta segunda-feira (20) que "a pressa é inimiga da perfeição".

"Os pais terão a resposta no momento certo, sem açodamento", completou o ministro, em conversa com a imprensa em Brasília.

Câmara do ministério contradiz Queiroga

A Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) da Covid-19, órgão ligado ao Ministério da Saúde, divulgou no domingo (19) uma nota com posicionamento favorável à vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade com o imunizante da Pfizer.  

O comunicado contradiz o ministro Marcelo Queiroga, que disse, em coletiva de imprensa no último sábado (18), que integrantes da Câmara ainda precisariam se reunir e realizar novas análises para decidir sobre a imunização desta faixa etária – mesmo ela já tendo sido aprovada anteriormente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  

“Tendo em vista o recente parecer favorável por parte da ANVISA em relação ao pedido de autorização para aplicação da vacina desenvolvida pela fabricante Pfizer na população pediátrica entre 5 e 11 anos de idade no Brasil, a CTAI COVID-19 manifestou-se unanimemente favorável à sua incorporação na campanha nacional de vacinação, em reunião ordinária realizada no dia 17 de dezembro de 2021”, diz a nota.  

Declaração do ministro

Na mesma coletiva de imprensa, o ministro Queiroga disse que a pasta realizaria uma audiência pública com a sociedade civil no início de janeiro para definir sobre o tema.

“Esse tipo de avaliação da Anvisa tem como foco verificar questões relativas à segurança e à eficácia dentro do contexto estudado e apresentado pela indústria farmacêutica. A introdução do produto em âmbito de política pública requer uma análise mais aprofundada. No caso desses imunizantes, a análise é feita com apoio da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Ela foi criada por uma lei de 1975, não é nenhuma novidade dentro do sistema regulatório brasileiro”, afirmou.

“No dia 22 de dezembro, a CTAI vai oferecer as opiniões, os documentos técnicos, e a secretária Rosana Leite de Melo [secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 do ministério] vai colocar esses documentos para apreciação em uma consulta pública da sociedade. No dia 4 de janeiro, faremos uma audiência pública no Ministério da Saúde para discutir o que foi oferecido. Isso servirá de base para a decisão final”, completou o ministro.

Aprovação, crítica e ameaças

A vacina aprovada pela Anvisa para aplicação em crianças de 5 a 11 anos foi a da Pfizer, mas com dosagem e composição diferentes daquela já utilizada para os maiores de 12 anos no país. Estes frascos ainda precisam ser adquiridos. 

Após a aprovação, o ministro Queiroga sugeriu que não teria pressa em incluir a nova faixa etária no Plano Nacional de Imunização (PNI). O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, criticou a decisão e prometeu divulgar os nomes dos profissionais da agência que haviam liberado o imunizante, o que foi considerado uma ameaça de retaliação por parte dos servidores.

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