Em entrevista para a colunista Monica Bergamo, do BandNews TV e da BandNews FM, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga negou interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na decisão da pasta em suspender a vacinação contra Covid-19 em adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades.
“Bolsonaro não mandou nada. O presidente não interfere nisso daí”, disse o ministro à jornalista, que destacou que a negativa de Queiroga foi veemente. O ministro explicou que as conversas com Bolsonaro são “mais uma fonte de informação”, mas que as opiniões não foram determinantes para que seu ministério mudasse a orientação para estados e municípios, alegando falta de dados sobre a segurança e efeitos da vacina neste público.
A suspeita da interferência do presidente na decisão do Ministério da Saúde surgiu após a live semanal das quintas-feiras. Ao lado de Queiroga, o presidente admitiu que deu opiniões ao ministro sobre o tema.
"A minha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento", disse o presidente na transmissão. Antes da live, Queiroga havia dito que Bolsonaro o cobrava “todos os dias” sobre a questão de vacinação dos adolescentes, mas não detalhou o pedido.
Queiroga segue sustentando que a decisão foi técnica, sem interferência do presidente e que será mantida até a conclusão da investigação de cerca dos 1,5 mil casos adversos relatados em adolescentes após a vacinação.
O ministro disse ter sido informado de uma reação adversa grave, com a morte de uma adolescente em São Paulo, que está sob investigação. Com isso, ele disse que analisou dados do DataSUS, atestando que 3,5 milhões de jovens já haviam a primeira dose da vacina, segundo Queiroga, de “forma intempestiva”, já que a orientação do ministério era a de que esse público só deveria começar a ser vacinado a partir de 15 de setembro.
A Anvisa divulgou que já investiga o caso da morte da jovem, que ocorreu em 2 de setembro. Contudo, a agência destaca que “não há relação causal definida entre este caso e a administração da vacina”. E ressaltou a aprovação da imunização desse público com o imunizante da Pfizer, feita em junho de 2021, após análise de estudos de fase 3 que demonstraram sua eficácia e segurança.
No Brasil, há 21 milhões de adolescentes entre 12 e 18 anos, o que equivale a 11% da população.