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Queda de avião em “parafuso chato” é praticamente irreversível, diz especialista

James Waterhouse comentou o momento da queda do avião ATR-72 em Vinhedo (SP)

Emanuele Braga

Uma vez que entra em parafuso chato, eu diria que é praticamente impossível sair dessa condição. É o que disse James Waterhouse, graduado em Engenharia Mecânica com ênfase em aeronaves em entrevista ao Band.com.br nesta quinta-feira (15). O especialista comentou o momento da queda do avião ATR-72, que vitimou 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo.  

James explica a dinâmica dos acontecimentos antes da queda em "parafuso chato", movimento registrado por moradores da região antes da queda da aeronave. 

"Todas as vezes que tem algum problema de fluxo aerodinâmico nas asas, você pode chegar a uma condição que a aviação conhece como "estol", que é quando o fluxo de ar passa pelas asas e descola da parte de cima, provocando a perda de sustentação. Se isso acontecer em uma das asas, ela cai e a aeronave começa a girar, isso é chamado de "movimento de parafuso" e pode se acentuar, transformando-se em uma manobra que se chama "parafuso chato", afirmou.

O especialista afirma que para chegar no estágio de parafuso chato, o avião teria passado por outras fases, como o parafuso 'normal' - que se dá após a formação de estol, uma condição que pode ser causada pela inobservância de uma velocidade mínima. No entanto, segundo James, os aviões possuem um alarme de segurança e um mecanismo que tremula o "nariz" do avião, além de impulsioná-lo para ganhar mais velocidade.  

"Isso pode não ter funcionado por conta de uma formação de gelo severa, fazendo com que o estol tivesse uma intensidade muito mais abrupta. Por consequência, o gelo passa a ser um grande suspeito por conta disso, porque seria raro o piloto deixar o velocidade cair, a formação do estol, o mecanismo de alarme não funcionar e o mecanismo que force o nariz não funcionar", disse.  

James afirma que a única forma de se proteger de um estol, seguido das condições de parafuso normal e chato, é manter a velocidade elevada. Mas, segundo ele, "uma vez que se entra em parafuso chato, é praticamente impossível sair".  

"Uma vez que você entra na manobra de parafuso, é até possível tirar o avião com uma série de manobras, mas fazer manobras evasivas dentro de uma nuvem, principalmente com precipitações, é extremamente difícil. Uma vez que entra em parafuso chato, eu diria que é praticamente impossível sair dessa condição", explicou.  

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