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Que venham os próximos “50 anos dourados” das relações China-Brasil

Yu Peng, Cônsul-Geral da China em São Paulo

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Alan Santos/PR

Este dia 15 de agosto marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, bem como o “Dia do Imigrante Chinês” em muitas cidades brasileiras, incluindo São Paulo. Não se trata apenas de uma coincidência de datas, mas sobretudo de uma convergência entre os valores dos dois povos e os conceitos de desenvolvimento da China e do Brasil. Gilberto Freyre, um famoso sociólogo brasileiro, uma vez se referiu ao Brasil como “China Tropical”. Ambos os países são multiétnicos, abertos e tolerantes, e seus povos, por sua vez, também são calorosos, amigáveis e pioneiros. São essas mesmas qualidades que têm nos aproximado cada vez mais, ultrapassando montanhas e mares.

Há mais de 200 anos, os primeiros produtores de chá chineses  pisaram em solo brasileiro, representando o primeiro passo no intercâmbio amigável entre os povos da China e do Brasil. Com o passar dos anos, um número cada vez maior de chineses passou a trabalhar arduamente e se estabelecer nas vastas terras do Brasil, realizando contribuições positivas para  a construção e desenvolvimento do país. O Pavilhão Chinês, na Colina do Rio Tijuca, e o Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, testemunharam parte importante da história e do desenvolvimento do Brasil. Hoje, a região da Rua 25 de Março, em São Paulo, se tornou um importante centro de comércio de pequenas mercadorias brasileiras. O Ano-Novo Chinês, o Festival do Barco-Dragão, o Festival do Meio do Outono e outras celebrações organizadas por associações locais de chineses no exterior são populares por aqui, construindo pontes para intercâmbios humanísticos entre a China e o Brasil.

Cinquenta anos atrás, a China e o Brasil, como os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios leste e oeste, estabeleceram relações diplomáticas, ultrapassando montanhas e mares, transcendendo diferenças ideológicas. 50 anos depois, sob a orientação estratégica dos chefes de Estado dos dois países e os esforços conjuntos  dos mais diversos setores da sociedade, as relações sino-brasileiras se tornaram mais maduras e resilientes. Os resultados disso foram o aprofundamento de uma parceria estratégica abrangente, a proliferação de intercâmbios e cooperações bilaterais e o desfrute da parte de ambos os povos de benefícios tangíveis, avançando rumo à construção de uma comunidade de futuro compartilhado.  Nos últimos 50 anos, os dois países obtiveram conquistas notáveis no desenvolvimento de seu relacionamento, bem como escreveram juntos uma bem-sucedida história de desenvolvimento comum e conquistas mútuas. Neste momento importante, é de especial significado para nós rever o passado e olhar para o futuro.

Nos últimos 50 anos, sempre fomos parceiros com vontade e objetivo comuns. Com o estreitamento das trocas de alto nível entre ambos os países e o aprofundamento de sua confiança mútua estratégica, as relações entre a China e o Brasil transcenderam o âmbito bilateral, demonstrando cada vez mais seu impacto estratégico e global. No ano passado, o presidente Xi Jinping e o presidente Lula participaram de uma reunião proveitosa em Pequim, chegando a um importante consenso sobre como abrir caminho para um novo futuro nas relações entre a China e o Brasil nesta nova era. Em face das mudanças a nível mundial durante o último século, os dois países fortaleceram sua comunicação e coordenação e se uniram para enfrentar os desafios globais. Recentemente, a China e o Brasil emitiram em conjunto um “consenso de seis pontos” sobre a promoção de uma solução política para a crise entre a Rússia e a Ucrânia, o qual foi respondido positivamente por mais de 110 países. Ambos os países compartilham visões semelhantes sobre governança e desenvolvimento globais, mantêm um bom diálogo e cooperação em relação às principais questões internacionais, praticam o multilateralismo genuíno, trabalham juntos para aprimorar a governança global e, em conjunto, defendem a justiça internacional.

Nos últimos 50 anos, sempre fomos parceiros de desenvolvimento, cooperando de forma que todos saíssem ganhando. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil e fonte de seu superávit comercial por 15 anos consecutivos. No ano passado, as exportações do Brasil para a China ultrapassaram a marca de 100 bilhões de dólares americanos pela primeira vez. Atualmente, o volume de importações e exportações entre os dois países a cada 10 minutos excede o total anual da época de início de suas relações diplomáticas. Nos últimos 15 anos, a China investiu mais de US$ 70 bilhões no Brasil, o que representou 350 vezes mais do que o valor total de investimento bilateral durante os primeiros 30 anos de relações suas diplomáticas. A carne bovina, o café e o açaí brasileiros se tornaram iguarias na boca dos chineses, bem como o desempenho de alta qualidade dos veículos de nova energia e dos produtos digitais chineses é bem conhecido no Brasil. Este ano marca o 20º aniversário de estabelecimento da Cosban. A China e o Brasil estão discutindo a sinergia entre a iniciativa “Cinturão e Rota” e a reindustrialização do Brasil, bem como novo PAC. Ambos os países estão expandindo ativamente em áreas emergentes, como a economia verde, a economia digital, etc., de modo a dar as mãos para criar um novo padrão de cooperação de benefício mútuo China-Brasil.

Nos últimos 50 anos, sempre fomos parceiros amigáveis que se conheceram bem. O futebol, o samba e o carnaval brasileiros são conhecidos na China. A cooperação turística entre a China e o Brasil também tem se intensificado, com o Brasil sendo o principal destino turístico chinês na América Latina. Os intercâmbios culturias entre os dois países têm sido esplêndidos. O Centro Nacional de Artes Cênicas da China, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e diversos outros grupos culturais e artísticos de alto nível da China e do Brasil têm se colaborado entre si. A China construiu 14 Institutos Confúcio e Aulas de Confúcio no Brasil, e a “febre” da língua e da cultura chinesas estão em alta no país. A massagem chinesa e a acupuntura são cada vez mais reconhecidas pelo público brasileiro. Este ano, ambos os países assinaram um acordo para facilitar o intercâmbio de pessoas, bem como a Air China retomou seus voos diretos entre Pequim e São Paulo, com previsão de que aumentará ainda mais a sua frequência, criando condições favoráveis para a realização de intercâmbios facilitados em diversas áreas.

São Paulo e outros quatro estados das regiões sul e sudeste do Brasil sempre estiveram na vanguarda da amizade com a China. O governo do estado de São Paulo estabeleceu o primeiro escritório brasileiro de investimentos e comércio exterior em Xangai, aprofundou a cooperação econômica e comercial com a China e manteve um fluxo constante de delegações vindas do Brasil para a China e vice-versa, enriquecendo as relações China-Brasil com resultados frutíferos. Muitos estados e municípios brasileiros estabeleceram laço de gémea com a China, adotando o “Dia do Imigrante Chinês”, incorporando o Ano-Novo Chinês em seus calendários oficiais e criando frentes parlamentares Brasil-China, tendo como tema principal a amizade entre a China e o Brasil. Cerca de 200 empresas chinesas se estabeleceram em São Paulo, incluindo dezenas de empresas listadas na Fortune 500. Elas foram responsáveis por investir no mercado local e promover grandes projetos, como o Eixo Norte da Ferrovia Intercidades de São Paulo, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico local. Cerca de 300 mil chineses estão trabalhando arduamente para a construção e desenvolvimento locais. O Ano Novo Chinês, o Festival do Meio do Outono e o Festival do Barco-Dragão se tornaram conhecidos por aqui. Pontos turísticos de São Paulo e Foz do Iguaçu foram iluminados com o vermelho brilhante da bandeira da China nas datas comemorativas chinesas. As comunidades chineses e os locais trabalharam juntos para superar epidemias e enchentes, com ações práticas para implementar o conceito de comunidade de futuro compartilhado China-Brasil.

Há pouco tempo, a China realizou a Terceira Sessão Plenária do 20º Comitê Central do PCCh, com foco no plano para aprofundar ainda mais o processo de reforma e abertura e promover a modernização ao estilo chinês. A China promoverá inabalavelmente a abertura, a reforma e a inovação, e compartilhará mais oportunidades de desenvolvimento com o resto do mundo, inclusive com o Brasil. No final deste ano, o Brasil sediará a Cúpula do G20 e, no ano que vem, a Cúpula dos BRICS e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o que proporcionará uma plataforma importante para que ambos os países fortaleçam sua comunicação e cooperação. Acreditamos firmemente que os esforços conjuntos da China e do Brasil para preservar a segurança, discutir a cooperação e buscar o desenvolvimento certamente elevarão suas relações bilaterais a um novo patamar e abrirão novos horizontes, além de injetar um forte impulso na causa da paz e do desenvolvimento globais.

Cinquenta anos se passaram. Em um novo ponto de partida, estamos dispostos a trabalhar com amigos de todos os setores da sociedade para implementar o importante consenso dos chefes de Estado dos dois países, promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado China-Brasil e polir continuamente a cor dourada das relações China-Brasil, para gerar ainda mais frutos de cooperação.

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