Putin pede desculpas ao Azerbaijão por queda de avião que matou 38 pessoas

Segundo o Kremlin, Putin ligou para o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e ‘pediu desculpas pelo trágico incidente ocorrido no espaço aéreo russo’

da redação

Putin pede desculpas ao Azerbaijão por queda de avião que matou 38 pessoas
Avião da Embraer caiu no Cazaquistão
REUTERS/Azamat Sarsenbayev

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ligou para o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, neste sábado (28) e se desculpou pela queda do avião da Azerbaijan Airlines (Azal), fabricado pela empresa brasileira Embraer, que matou 38 pessoas em 25 de dezembro. 

Segundo a agência estatal de notícias da Rússia, Tass, citando um comunicado do Kremlin, Putin transmitiu suas condolências às famílias das vítimas do acidente aéreo. 

"Vladimir Putin pediu desculpas pelo trágico incidente ocorrido no espaço aéreo russo e mais uma vez transmitiu suas profundas e sinceras condolências às famílias das vítimas do acidente aéreo e desejou uma rápida recuperação aos feridos", disse o Kremlin em comunicado. 

"Naquele momento, Grozny, Mozdok e Vladikavkaz estavam sendo atacadas por drones de combate ucranianos e a defesa aérea russa estava repelindo esses ataques", disse Putin a Aliyev, segundo o Kremlin, sem afirmar explicitamente que o avião teria sido abatido por um míssil russo.

O comunicado russo afirma ainda que os dois líderes concordaram com a necessidade de uma investigação "objetiva e transparente" sobre o que ocorreu.

A conversa entre os chefes de Estado acontece um dia depois da companhia aérea Azal dizer que uma investigação do acidente concluiu que houve "interferência física e técnica externa". Por conta disso, a empresa suspendeu voos para dez aeroportos russos, baseada nos "resultados preliminares da investigação sobre o acidente do Embraer 190".

A agência de aviação russa Rosaviatsiya reconheceu nesta sexta-feira (27) que a queda de uma aeronave da Embraer no Cazaquistão ocorreu no momento em que a área era alvo de uma operação militar no contexto da guerra na Ucrânia – sem, contudo, atribuir explicitamente a culpa pelo acidente à Rússia.

Segundo o órgão, drones ucranianos atacaram duas cidades na região russa da Chechênia. Uma delas era Grozny, destino do voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines (Azal) que decolou na quarta-feira de Baku, no Azerbaijão.

O acidente

O Embraer 190 saiu de Baku antes do amanhecer com 62 passageiros e cinco tripulantes. O curto voo para Grozny, a noroeste, aparentemente não teve problemas durante meia hora, quando a aeronave "encontrou uma interferência significativa no GPS", de acordo com o Flightradar24, um site que rastreia o tráfego aéreo em todo o mundo.

O Flightradar24 disse que, até cerca de 20 minutos antes do acidente, às vezes não recebeu nenhum dado do avião e, em outras ocasiões, recebeu dados nos quais os detalhes sobre sua posição estavam ausentes ou imprecisos.

"A aeronave foi exposta a interferência e falsificação de GPS perto de Grozny", apontou o Flightradar24. Embora seja improvável que essas medidas tenham causado o acidente, elas são sinais de que os esforços de defesa contra um ataque de drones estavam em andamento no solo.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o avião descendo em Aktau, no Cazaquistão, em posição de pouso e pegando fogo ao colidir contra o chão. Passageiros feridos podiam ser vistos emergindo de uma parte da fuselagem que ficou intacta.

No dia do acidente, a agência russa de aviação declarou em comunicado ter informações preliminares de que o piloto havia decidido fazer um pouso de emergência após um pássaro colidir contra a aeronave.

Outra versão ventilada foi a de que o acidente estaria relacionado à explosão de um balão de oxigênio, algo que foi confirmado pelas autoridades cazaques.

Mas nas fotos que circulam do acidente, é possível ver perfurações na fuselagem da aeronave, como se ela tivesse sido metralhada.

Peritos brasileiros eram esperados nesta sexta-feira para ajudar nas investigações sobre a queda do avião de fabricação brasileira.

As acusações em relação à queda do avião trouxeram também memórias do voo MH17 da Malaysia Airlines que foi abatido sobre o leste da Ucrânia em 2014, matando 298 pessoas. Uma investigação internacional apontou que um míssil antiaéreo lançado por forças russas causou a queda. Moscou refutou as acusações.

Com informações da Deutsche Welle

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