O presidente Vladmir Putin externou que não quer guerra, mas ressaltou que as exigências russas, até agora, não foram satisfatórias. A principal é a não inclusão da Ucrânia na Otan, pois a Rússia é contra o avanço de militares de países ocidentais no Leste europeu. A declaração foi dada logo após reunião com Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, nesta terça-feira, 15.
"É claro que não queremos [guerra]", disse Putin em resposta a jornalistas em entrevista coletiva com Scholz. O russo pontuou que Moscou continua aberta a negociações, “de forma que o resultado deve ser um acordo para garantir a igualdade de segurança de todos, incluindo nosso país”.
Para Putin, documentos enviados pela Otan e Washington ainda podem ser discutidos, apesar de que as respostas não são construtivas. “Mas isso precisa ser discutido de forma abrangente com todas as questões básicas que destacamos hoje”, declarou Putin.
Na mesma entrevista, Scholz seguiu com o discurso de evitar uma nova guerra na Europa, mas demonstrou estar preocupado com o que chamou de “sinal de ameaça” na região. Para o líder alemão, ainda existem saídas diplomáticas para o conflito entre Rússia, Ucrânia e Otan.
“Para nós, alemães, mas também para todos os europeus, é importante que a segurança sustentável não possa ser alcançada contra a Rússia, mas apenas com a Rússia”, disse Scholz, reforçando a desescalada militar de Moscou para “evitar uma guerra na Europa”.
Ucrânia convocou “dia da união”
Na última segunda-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, convocou o “dia da união” contra uma suposta invasão russa na próxima quarta-feira, 16, cuja acusação foi feita, sem detalhes, pelo próprio líder ucraniano.
“Dizem-nos que 16 de fevereiro será o dia do ataque. Faremos dele o Dia da União. O decreto pertinente já foi assinado. Neste dia, vamos hastear bandeiras nacionais, colocar fitas azuis e amarelas e mostrar ao mundo nossa unidade”, enfatizou Zelensky.
O governo da Rússia, há dias, diz que não pretende invadir o país vizinho. Nesta segunda-feira, 14, Zelensky reiterou o interesse da Ucrânia em ingressar na Otan. Já Vladmir Putin pressiona para que forças do Ocidente não se estabeleçam no Leste europeu.
Ontem, Zelensky e Scholz se reuniram, ocasião em que o alemão defendeu os interesses de Kiev e prometeu sanções imediatas contra a Rússia, caso Putin decrete invasão. Atualmente, cerca de 100 mil soldados treinam na fronteira com a Ucrânia.
Entenda a crise
A Rússia quer impedir o avanço ocidental no Leste europeu. Devido a isso, o presidente Vladmir Putin é terminante contra a entrada da Ucrânia na Otan, aliança militar formada por países ocidentais.
A região era formada por países da antiga União da Repúblicas Socialistas Soviéticas, que entrou em declínio com o fim da Guerra Fria. Alguns países mantiveram-se sob a influência russa, como é o caso do Belarus, mas outros, inclusive, entraram na Otan, como Letônia e Lituânia.
A Ucrânia segue dividida entre os prós e contra a Rússia. Desde 2013, a fronteira russo-ucraniana registra tensões geopolíticas. Em 2014, o então presidente Víktor Fédorovych Yanukóvytch, pró-Moscou, foi deposto do poder em Kiev. No mesmo ano, a Rússia anexou a Península da Crimeia ao domínio do Kremlin.