O presidente Vladimir Putin anunciou o desejo formal da a anexação de quatro regiões ucranianas ao território russo. Em solenidade na manhã desta sexta-feira (30), o líder que decretou a invasão ao país vizinho disse a população de regiões separatistas da Ucrânia fez a escolha pró-Moscou.
“Nós falamos para o regime de Kiev parar, imediatamente, o fogo e todas as atividades militares para voltarmos à mesa de negociação. Já foi dito isso várias vezes, mas a escolha do povo de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson não vamos negociar. Já está feito”, sublinhou Putin. A tradução simultânea que foi ar ao no BandNews TV é de Alina Kaledina.
Putin ainda fez acusações contra supostos bombardeios ordenados por Kiev contra a região de Donbas, onde ficam Luhansk e Donetsk dominada pelos separatistas pró-Moscou. O referendo, que também aconteceu em Kherson e Zaporizhzhia, foi iniciado no dia 23 de setembro.
“O regime de Kiev estava ameaçando de morte e execução para os membros de comissão eleitoral para milhares de pessoas que vieram ao referendo, mas o povo de Zaporizhzhia e Kherson disse a sua palavra. As pessoas que moram em Kherson e Zaporizhzhia se tronaram nossos cidadãos para sempre”, disse Putin em meio a aplausos.
Putin nega volta da União Soviética
Putin pontuou que a intenção do governo não é trazer de volta a União Soviética, mas criticou o que seriam medidas arbitrárias que dissolveu os territórios do então regime socialista liderado por Moscou.
“A União Soviética não existe mais. Não tem como voltar ao passado nem isso é mais necessário para a Rússia. Não temos isso como objetivo, mas não tem nada mais forte do que a decisão de milhões de pessoas que, pela cultura, fé, tradição, consideram-se parte da Rússia. Não tem nada mais forte do que a vontade dessas pessoas em voltar para a pátria delas”, discursou Putin.
Ocidente não reconhece referendo
Após a conclusão da anexação, Luhansk e Donetsk, onde há separatistas que apoiam Putin, e Kherson e Zaporizhzhia, áreas ao Sul da Ucrânia ocupadas por militares do Kremlin, passarão a ser reconhecidas oficialmente por Moscou.
Com a anexação, a Rússia interpretará qualquer ação militar ucraniana e/ou ocidental como ataque ao território russo e à soberania do país. Por outro lado, Kiev e aliados do Ocidente repudiam o referendo.
O movimento de Putin é parecido ao que ocorreu em 2014, quando o governo russo anexou a Península da Crimeia, então território ucraniano, à Rússia. Na época, o presidente Víktor Fédorovytch Ianukóvytch, da Ucrânia, aliado do Kremlin, foi deposto. Naquela ocasião, o resultado do referendo mostrou que a população da região preferiria a anexação.