A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reúniu-se na manhã desta terça-feira (8) com o presidente do MDB, Baleia Rossi, na Câmara dos Deputados, para formalizar um convite ao partido da senadora Simone Tebet para compor a equipe de transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Gleisi destacou, no entanto, que integrar a equipe de transição não significa “necessariamente” compor o novo governo com ministérios, embora essa seja expectativa.
“Nós achamos importante formalizar a participação dos partidos nesse processo. Vamos apresentar o nome de dez partidos políticos que estão conosco no primeiro turno, no segundo, incluindo o PDT e gostaríamos que o MDB estivesse conosco para um conselho político na transição”, resumiu Gleisi.
Aliados de Lula têm procurado partidos para negociar alianças. O PT busca o apoio de legendas como MDB, PSD e União Brasil, para além dos partidos de esquerda que já estão no grupo. “Quem vai compor a equipe de transição não necessariamente será ministro”, pontuou Gleisi.
A presidente do PT destacou que a equipe de transição terá 32 grupos de trabalho para diagnosticar o governo e que as indicações políticas não trarão prejuízo ao grupo técnico necessário.
Gleisi disse que o governo de Jair Bolsonaro (PL) já nomeou interlocutores para a transição e lembrou que o ministro chefe da Casa Civil Ciro Nogueira (PP) garantiu que o governo irá colaborar. “Ele garantiu a disposição do governo de colaborar, mas nesta semana que vamos sentir isso na prática”, disse Gleisi.
“Espírito colaborativo”
O presidente do MDB, Baleia Rossi, disse que todas as lideranças do partido serão consultadas durante a transição. “Há um espírito colaborativo muito grande no MDB”, adiantou.
Rossi ressaltou que a Reforma Tributária está entre as discussões que devem ser feitas em caso de o MDB integrar o governo. "Fiz algumas ponderações à presidente Gleisi, principalmente no que diz respeito a algumas pautas que são caras ao MDB, como a reforma tributária", afirmou Baleia.
Gleisi, porém, pontuou que a transição é diferente do governo. “Agora é hora de diagnosticar o governo e organizar a transição de forma programática”, disse.
O MDB rompeu com o PT em 2016, quando o então vice-presidente Michel Temer decidiu apoiar o impeachment da presidente Dilma Roussef (PT).
Neste ano, no segundo turno das eleições, a candidata derrotada do MDB à Presidência da República Simone Tebet apoiou a candidatura de Lula e participou de forma incisiva na campanha do petista.
Manifestações golpistas
A presidente do PT Gleisi Hoffmann disse que irá se reunir nesta semana com presidentes dos partidos aliados para discutir uma solução política de resposta às manifestações de bolsonaristas inconformados com o resultado das eleições.
“Não dá para a gente achar que isso é normal”, disse Gleisi.
Segundo ela, a sociedade precisa dar uma “resposta política” aos eventos em que manifestantes pedem golpe em frente à quartéis pelo País. “As instituições têm que olhar de maneira firme para isso. Não deixar esse movimento se alastrar e a gente ter uma resposta política à altura. Nós queremos ainda nesta semana fazer reunião com presidentes dos partidos que caminham conosco para a gente discutir um pouco essa situação política do País”, disse.
Gleisi destacou que Bolsonaro e aliados “têm direito de espernear, de fazer oposição, mas não tem direito de chamar para o golpe. Não tem direito de desestabilizar o País”.