A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP), vinculada à Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, deu sete dias para que a concessionária italiana Enel preste esclarecimentos sobre a interrupção prolongada dos serviços de distribuição de energia na última terça-feira, 7. No dia, mais de 650 mil municípios na Região Metropolitana ficaram sem luz.
Na notificação enviada, o Procon-SP pede esclarecimentos detalhados da área e do número de consumidores impactados, uma vez que a plataforma informativa da empresa relatou instabilidade. Além disso, há a requisição de informações sobre as providências adotadas para a retomada do serviço e como a informação foi passada aos consumidores.
O órgão afirma que esse é o primeiro passo de uma fiscalização após quedas constantes. E, caso o prazo não seja cumprido, podem ocorrer sanções como multa. Seria a quarta em um período inferior a 14 meses, desde novembro de 2023.
O diretor-executivo do Procon-SP, Luiz Orsatti Filho, avalia que as justificativas da distribuidora, que atua em mais 20 cidades da Grande São Paulo, sempre são relacionadas a eventos climáticos severos e que providências efetivas nunca são tomadas. "Continuar alegando que os ventos têm sido acima do que era normal não pode mais ser uma resposta aceitável, pois deixou de ser um elemento surpresa para se tornar recorrente, como já vinha sendo alertado", disse.
Segundo a Enel, houve uma ocorrência envolvendo linhas de transmissão da companhia no dia em questão. Após às 15h30, o número de domicílios sem luz foi para 150 mil. De acordo com os dados da empresa, a cidade mais atingida foi São Caetano do Sul (SP), com 57,04% dos clientes sem luz.
Em nota, a Enel afirmou que aprimorou seu plano de contingência para reduzir os impactos aos clientes em caso de contingências climáticas. Leia abaixo o posicionamento da empresa.
A Enel Distribuição São Paulo aprimorou seu plano de contingência para reduzir os impactos aos clientes em caso de contingências climáticas. O plano de ação da companhia inclui o reforço das equipes em campo, de acordo com a previsão meteorológica, a contratação de mais eletricistas próprios, o aumento da disponibilidade da frota de geradores, a ampliação da capacidade nos canais de atendimento, dentre outras medidas. A distribuidora também intensificou ao longo do ano as manutenções preventivas e de forma colaborativa dobrou o número de podas de galhos próximos à rede elétrica, ultrapassando a marca das 600 mil.
Em função dessas medidas já implementadas, após as chuvas na última terça-feira (7), com rajadas de vento acima de 80Km/h e queda de granizo, conseguiu restabelecer a energia para a maioria dos clientes afetados em até 30 minutos após o início da tempestade. Os demais clientes tiverem o serviço normalizado ao longo da quarta-feira (8), quando as equipes concluíram os trabalhos complexos de reconstrução da rede. Cabe ressaltar que o temporal causou severos danos não só no sistema elétrico, mas também na estrutura urbana de bairros da capital e cidades da Região Metropolitana.
Além de aprimorar o plano para atuação em caso de contingências, a distribuidora também vem ampliando os investimentos de forma constante nos últimos anos. Para os próximos três anos, a companhia aumentará ainda mais os recursos destinados a sua área de concessão em São Paulo, que chegarão a R$ 10,4 bilhões até 2027. Esses investimentos têm foco, principalmente, em reforço, resiliência, digitalização e expansão da rede de distribuição, com soluções que contribuam para agilizar o restabelecimento da energia em caso de interrupção, principalmente diante do agravamento das mudanças climáticas.