A prisão de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, completa 100 dias nesta segunda-feira (24). Também ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), ele foi preso por suposta omissão na contenção dos manifestantes do dia 8 de janeiro.
A defesa de Torres teve mais um pedido da revogação da prisão preventiva negado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão mais recente foi na última quinta-feira (20), o que teria “agravado muito” o psicológico do ex-secretário do DF.
A informação da saúde de Torres foi apurada pela Band com uma pessoa próxima a ele. Uma psiquiatra preparou um laudo para ser enviado ao STF como forma de converter a prisão preventiva em medidas cautelares. Ele está detido desde o dia 14 de janeiro, assim que desembarcou no Brasil após retorno dos Estados Unidos, onde estava de férias.
Na decisão da semana passada, Moraes alegou que a prisão se fundamenta em outro inquérito envolvendo o ex-ministro, o que apura se uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no segundo turno das eleições, tinha por finalidade impedir a chegada dos eleitores aos locais de votação.
Na última segunda-feira (17), a Procuradoria Geral da República (PGR) defendeu a revogação da prisão preventiva de Torres. O órgão acusador entendeu que, devido ao estágio das investigações, medidas cautelares podem ser aplicadas ao suspeito, como o uso de tornozeleira eletrônica.
3º depoimento
Hoje, inclusive, Torres deve ser ouvido sobre a operação da PRF, ocasião em que era chefe das forças de segurança nacionais. Esta será a terceira vez que ele será ouvido desde a prisão.
Na época, mesmo com negativas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a operação, a PRF fez blitzen contra veículos em colégios eleitorais onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderou no primeiro turno. A operação, supostamente, atrasou ou impediu a chegada de eleitores aos locais de votação.
Operação da PRF e minuta golpista
Na decisão de Moraes, ele afirmou que fatos novos podem ligar Torres a essas tentativas de atrapalhar a votação no segundo turno. Além disso, o magistrado do STF também citou a minuta golpista na casa do ex-ministro.
“Depoimentos de testemunhas e a apreensão de documentos apontam fortes indícios da participação do requerente na elaboração de uma suposta minuta golpista e em uma operação golpista da Polícia Rodoviária Federal para tentar subverter a legítima participação popular no segundo turno das eleições presidenciais de 2022”, considerou Moraes.