Michel Barnier assumiu como primeiro-ministro da França em 5 de setembro deste ano. Dois meses depois, ele já corre o risco de perder o cargo. Isso porque a esquerda e a extrema direita ameaçam mover uma moção de censura contra o governo no parlamento. Caso a iniciativa passe, o governo será derrubado.
O ponto de tensão que levou a esse cenário é o orçamento do país. Começou a circular na imprensa francesa a especulação de que Barnier, que foi indicado ao cargo pelo presidente Emmanuel Macron, poderia lançar mão de cláusula da constituição francesa, conhecida como 49:3, e que permite ao governo aprovar uma legislação sem a necessidade de um voto na Assembleia Nacional.
Essa possibilidade enfureceu parlamentares. A Nova Frente Popular (NFP), união de esquerda que foi vitoriosa nas eleições legislativas deste ano e conquistou o maior número de cadeiras, já ameaçou tabular a moção de censura caso o primeiro-ministro utilize mesmo o dispositivo.
A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, que terminou como terceira força política, teve uma reunião com Barnier nesta segunda-feira (25). Ela descreveu o encontro como “cordial”, mas disse que o premiê manteve sua posição firme e disse que não descarta apoiar uma moção de censura.
Segundo a emissora BFMTV, o partido de Le Pen se reunirá no dia 18 de dezembro para debater o tema.
Emmanuel Macron rejeitou a ideia de nomear um primeiro-ministro de esquerda, apesar dos partidos dessa força terem sido vitoriosos na eleição, e indicou Barnier, um político de centro-direita que foi uma das principais figuras na negociação do Brexit.