O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, convocou nesta quarta-feira (22/05) novas eleições gerais no Reino Unido para o dia 4 de julho, surpreendendo a maioria dos analistas e políticos, que esperavam o pleito para o final do ano.
O anúncio pegou de surpresa até membros de própria legenda do premiê, o Partido Conservador. Sunak, que chegou ao poder em outubro de 2022 após a renúncia da então premiê, a também conservadora Liz Truss, já havia informado anteriormente querer convocar eleições gerais para este ano, mas a expectativa era de que elas ocorressem mais tarde.
"Chegou o momento de o Reino Unido escolher o seu futuro, de decidir se quer aproveitar os progressos alcançados ou arriscar-se a voltar à estaca zero, sem um plano e sem certezas", afirmou, em pronunciamento realizado após reunir o conselho de ministros, em frente ao número 10 de Downing Street, onde se localizam seu gabinete e a residência oficial.
Sunak disse que os britânicos "terão de escolher quem tem esse plano, quem está preparado para tomar as medidas corajosas necessárias para garantir um futuro melhor para o nosso país".
Vantagem da oposição
A decisão inesperada ocorre no momento em que os conservadores aparecem muito atrás da oposição trabalhista, de acordo com todas as pesquisas, e no mesmo dia do anúncio de que a inflação caiu para 2,3% em abril, o nível mais baixo em quase três anos.
A oposição trabalhista, liderada por Keir Starmer, um advogado de 61 anos, é a grande favorita para vencer a eleição, em algumas pesquisas com uma vantagem de 20 pontos sobre os conservadores de Sunak, que estão no poder há 14 anos.
As pesquisas dão ao Partido Trabalhista, de centro-esquerda, cerca de 45% dos votos, bem à frente dos conservadores, relegados a entre 20% e 25%, e do partido anti-imigração e anticlimático Reform UK (12%).
Com um sistema de votação simples, de maioria absoluta em cada um dos 650 distritos eleitorais do Reino Unido, esses resultados se traduziriam em uma grande maioria para os trabalhistas.
Os motivos decisão
As eleições deveriam ser marcadas para antes do final de janeiro de 2025 e, até o momento, Sunak havia se limitado a falar em eleições "no segundo semestre" do ano.
Os números desastrosos das pesquisas para os conservadores aumentaram a pressão sobre o chefe de governo para convocar os eleitores às urnas.
Uma série de boas notícias econômicas para os conservadores no poder, como a desaceleração da inflação e as medidas para implementar o plano de expulsão de imigrantes ilegais para Ruanda, teria convencido Sunak a dar o passo adiante.
Os 14 anos de poder conservador foram marcados pelo referendo do Brexit e pela sucessão de cinco primeiros-ministros em oito anos.
md/le (EFE, Lusa, AFP)