Moradores se queixam de violência em bairro na zona sul de São Paulo

Comerciantes instalam grades em estabelecimentos, e padre diz que fiéis deixam de ir às missas

Rodrigo Garavini, do Primeiro Jornal

O aumento da violência tem preocupado moradores do bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo – a ponto de as pessoas terem medo até mesmo de ir à missa aos finais de semana.

É o caso de Anselmo Santana, que já sentiu na pele a violência da região. O líder operacional foi assaltado pelos mesmos bandidos duas vezes em apenas três dias.

“Dois caras embicaram a moto na calçada e sacaram a arma. Falei: ‘Pô, vocês me levaram essa semana de novo’. Como eu não tinha nada, fizeram uma limpa no pessoal que estava no ponto do ônibus e seguiram”, descreveu.

Segundo os líderes comunitários da região, o número de assaltos registrados é bem menor que o de assaltos praticados. Isso porque, segundo eles, muita gente está desistindo de registrar o Boletim de Ocorrência por uma série de problemas.

“Dependendo do objeto que é roubado e furtado, eles não fazem (o BO). Porque chega nas delegacias, é de duas horas no mínimo e oito horas no máximo”, avalia o diretor comunitário Edmílson dos Santos. “Muitas pessoas não sabem entrar online para fazer o Boletim de Ocorrência.”

A insegurança também é grande por parte dos comerciantes. O dono de um bar, que não quis gravar entrevista, passou a atender clientes através de uma grade de proteção.

Gilmar de Jesus, que tem um açougue no Grajaú, já perdeu a conta de quantas vezes foi assaltado.

“Vário assaltos. Mas, graças a Deus, nenhuma morte. Foi só o assalto mesmo”, diz o açougueiro.

A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo) informou que, de janeiro a agosto de 2021, 67 criminosos foram presos na região, e que o policiamento no bairro será reforçado. A reportagem percorreu algumas ruas do Grajau, mas não viu nenhuma viatura durante cinco horas no local.

O padre João Batista Farias diz que os fiéis estão com medo até de ir à missa.

“Devido ao horário. Porque, quando voltam para casa, voltam sempre em grupo. Mas mesmo assim, o grupo não inibe essa questão da violência”, analisa o religioso.

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