Presos que fugiram de presídio fizeram família refém e roubaram celulares no RN

Detentos invadiram uma casa na zona rural do estado. Um deles ainda estava vestindo parte do uniforme do presídio de Mossoró

Da Redação

Os dois presos que fugiram do presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, invadiram uma casa na zona rural da região na noite desta sexta-feira (16) e fizeram uma família refém. O imóvel está localizado há três quilômetros da penitenciária federal. 

A fuga dos detentos Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento é a primeira registrada no sistema penitenciário federal, coordenado pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Os criminosos chegaram na casa, na comunidade de Riacho Grande, por volta das 20h, pediram comida e acesso às redes sociais. Eles ficaram no local até o início da madrugada deste sábado (17). 

Os foragidos roubaram celulares e carregadores, além de alimentos, e levaram em uma sacola plástica. Segundo os moradores, eles não estavam usando mochila. 

Não houve violência contra os reféns. Segundo a Senappen, os dois fugitivos estavam juntos e buscaram obter dados sobre o local onde se encontravam e mostraram estar desorientados – o que faz com que as equipes de buscas acreditem que a recaptura esteja próxima.

Segundo relato da família que reside no local, eles estavam vestindo roupas bem sujas. Um deles estaria usando parte do uniforme da penitenciária. 

Conforme relato da família, eles estavam sujos e pareciam desnorteados. Um dos detentos usava ainda a parte do uniforme do presídio. A casa está localizada no perímetro que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que acreditava que os fugitivos pudessem estar. 

Autoridades de segurança entraram no quarto dia de buscas pelos fugitivos. Cerca de 300 agentes, sendo 100 da Polícia Federal, 100 da Polícia Rodoviária Federal e 100 agentes das forças policiais locais, atuam desde quarta-feira (14) na busca por dois presos que escaparam da penitenciária federal. 

Encontro de pistas 

Segundo a força-tarefa responsável pela procura de Deibson Cabral Nascimento, 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, foram encontradas pegadas, uma camiseta e uma toalha na zona rural do Rio Grande do Norte

Os itens são considerados os primeiros rastros dos fugitivos. Eles foram pegos em uma casa que fica a 7 km do presídio federal e que foi alvo de furto na noite de quarta-feira (14) - mesmo dia da fuga. Agora, as procuras se concentram onde as pegadas e peças de roupas foram achadas. Um raio de 15 km em torno do local está sendo vasculhado. 

Quem são os fugitivos?

Os dois presos são Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como "Tatu" ou "Deisinho", de 33 anos. Ambos possuem ligações com a facção criminosa Comando Vermelho, à qual pertence o traficante Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na penitenciária de Mossoró.

Os dois fugitivos naturais do Acre foram transferidos para Mossoró em 27 de setembro de 2023, após participar de uma rebelião no presídio de Antônio Amaro, em Rio Branco. A revolta terminou com a morte de cinco presos, três deles decapitados.

Mendonça responde a mais de 50 processos, incluindo acusações de homicídio e roubo, e está condenado a um total de 74 anos de prisão. Deibson Cabral Nascimento protagoniza mais de 30 processos por tráfico de drogas, organização criminosa e roubo, entre outros delitos, estando condenado a 81 anos de prisão.

Ações do Ministério da Justiça 

Após a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) na madrugada desta quarta-feira (14), o Ministério da Justiça e Segurança Pública irá modernizar o sistema de videomonitoramento dos cinco presídios federais e aperfeiçoar o sistema de controle de acesso, inclusive com reconhecimento facial de todos que ingressam nas unidades prisionais. As medidas foram anunciadas pelo ministro Ricardo Lewandowski nesta quinta-feira (15).  

Também serão ampliados os sistemas de alarmes e sensores de presença nas unidades prisionais federais. O governo pretende ainda viabilizar, por meio do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), a construção de muralhas em todos os presídios federais, a exemplo do que foi feito no presídio do Distrito Federal. 

Outra medida anunciada pelo ministro é a requisição para a nomeação de 80 policiais penais federais aprovados em concurso público para reforçar o sistema prisional federal. Parte do contingente será deslocado para Mossoró.

Investigação da fuga 

Para apurar as causas da fuga estão sendo realizados dois tipos de investigação: uma de caráter administrativo, para apurar responsabilidades disciplinares, e um inquérito policial aberto no âmbito na Polícia Federal, para apurar eventual responsabilidade de natureza criminal e a participação de pessoas que eventualmente possam ter facilitado a fuga dos dois detentos.  

“Estamos atentos, operantes, e todos os esforços estão sendo desenvolvidos para a recaptura e na apuração de responsabilidade, tanto no âmbito administrativo quanto criminal”, disse Lewandowski. 

Há, no Brasil, cinco penitenciárias federais em funcionamento. Classificadas como presídios de segurança máxima, cada unidade conta com sistema de vigilância avançado com captação de som ambiente e monitoramento de vídeo – material de vigilância que a secretaria afirma ser replicado, em tempo real, para a sede da Senappen, em Brasília.

Medidas tomadas logo após a fuga 

Ainda na quarta-feira, o ministro determinou o afastamento imediato da atual direção da Penitenciária Federal em Mossoró. Na quinta, foi nomeado o ex-diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) Carlos Luis Vieira Pires como interventor da unidade prisional. 

Foram acionadas a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), entidade que congrega as policiais federais e estaduais que combatem o crime organizado 

Os dois fugitivos foram incluídos no Sistema de Difusão Vermelha da Interpol e no sistema de proteção de fronteiras.  
 

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