Presidente da OAB vai pedir investigação contra advogado de Bolsonaro

Frederick Wassef fez ameaças a jornalista que publicou reportagens sobre supostas rachadinhas do presidente

Da redação

Frederick Wassef é dono da casa em que Fabrício Queiroz foi encontrado BandNews TV
Frederick Wassef é dono da casa em que Fabrício Queiroz foi encontrado
BandNews TV

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, diz que vai pedir uma investigação contra Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro após ele fazer ameaças à jornalista Juliana Dal Piva, do UOL.

Minha solidariedade à jornalista Juliana Dal Piva. Vou determinar que a corregedoria da OAB apure o fato ocorrido e tome as medidas necessárias, escreveu Santa Cruz no Twitter.

Dal Piva disse que recebeu a mensagem de Wassef na sexta à noite. "Há pouco Wassef, advogado do presidente Bolsonaro, enviou uma mensagem para esta colunista: "Faça lá o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo"", escreveu ela.

Segundo a jornalista, a ameaça foi feita de forma gratuita e não durante uma entrevista: "Não procurei Wassef hoje para nenhuma demanda. Ele mandou essa mensagem do nada. Ele não tinha motivo algum pra falar comigo hoje. O que ele queria com essa mensagem?".

Juliana publicou nesta semana uma série de reportagens que apontam para a participação de Bolsonaro em um suposto esquema de rachadinhas quando ainda era deputado federal.  

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que seria o operador no esquema de rachadinhas, foi preso em uma casa de Wassef em Atibaia, mas depois conseguiu relaxamento de pena. Queiroz e Flávio já foram denunciados pelo MP do Rio de Janeiro.

O caso das rachadinhas funciona da seguinte maneira: o parlamentar contrata servidores fantasmas que não frequentam o gabinete e recebem salário mesmo sem trabalhar. Ao fim do mês, essas pessoas devolvem parte do dinheiro recebido ao deputado.  

Algumas autoridades demonstraram apoio para Juliana.  

"Quero me solidarizar com a jornalista Juliana Dal Piva e repudiar as ameaças criminosas feitas a ela pelo advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef. A tentativa de intimidação é mais um ataque dos capangas do clã presidencial à liberdade de imprensa e à democracia", disse o deputado Marcelo Freixo.

O senador Alessandro Vieira, que faz parte da CPI da Pandemia, também manifestou solidariedade. "Ameaçar uma jornalista que está fazendo seu trabalho é coisa de marginal. E lugar de marginal é na cadeia. Toda solidariedade para Juliana Dal Piva, grande profissional responsável por mostrar para o Brasil a verdadeira face do presidente. É urgente instalar a CPI da Rachadinha", afirmou.

Vieira tenta abrir uma segunda CPI para investigar as suspeitas de crimes cometidos por Bolsonaro.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais