Presidente da Coreia do Sul impõe lei marcial de emergência no país

Presidente Yoon Suk Yeol diz que medida inédita desde a redemocratização é necessária para proteger país de ameaças impostas por ‘forças comunistas’ e eliminar elementos ‘antiestatais’

Por Deutsche Welle

Presidente da Coreia do Sul impõe lei marcial de emergência no país
Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul
Chung Sung-Jun/Pool via REUTERS/File Photo

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, decretou nesta terça-feira (3) estado de lei marcial no país, afirmando que a medida é necessária para proteger o país de "forças comunistas" em meio a constantes disputas com o Parlamento, controlado pela oposição.

"Para proteger a Coreia do Sul liberal das ameaças impostas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e para eliminar elementos antiestatais... Declaro a lei marcial de emergência", disse Yoon em um discurso televisionado ao vivo para a nação, sem especificar que ameaças seriam essas.

A lei marcial é um instrumento temporário que concede amplos poderes para autoridades militares em um momento de emergência. O mecanismo foi usado várias vezes nos anos 1960 na Coreia do Sul após golpes militares e protestos generalizados. Esta é a primeira vez desde a redemocratização do país – no final dos anos 1980 – que um estado de lei marcial é imposto.

Yoon, que tomou posse como presidente em 2022, tem lidado com um impasse político quase permanente com a oposição, que conta com maioria no Parlamento.

"Sem nenhuma preocupação com o sustento do povo, o partido da oposição paralisou a governança com o objetivo de promover impeachments, investigações especiais e para proteger seu líder da Justiça", acrescentou Yoon.

Parlamento fechado

O presidente do Parlamento, controlado pela oposição, disse que faria uma sessão de urgência na noite desta terça-feira para debater o anúncio do presidente. Mas o Parlamento foi fechado e todos os acessos a ele foram bloqueados, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A medida surpreendente ocorre no momento em que o Partido do Poder Popular de Yoon e o Partido Democrático, principal partido de oposição, travam uma queda de braço em relação ao projeto de lei orçamentária do próximo ano.

Na semana passada, deputados da oposição aprovaram um plano orçamentário significativamente reduzido por meio de um comitê parlamentar.

"Nossa Assembleia Nacional se tornou um refúgio para criminosos, um antro de ditadura legislativa que busca paralisar os sistemas judiciário e administrativo e derrubar nossa ordem democrática liberal", disse Yoon. "A Assembleia Nacional, que deveria ter sido a base da democracia livre, tornou-se um monstro que a destrói."

Yoon ainda acusou os legisladores da oposição de cortar "todos os orçamentos essenciais para as funções essenciais da nação, como o combate aos crimes de drogas e a manutenção da segurança pública, transformando o país em um paraíso das drogas e em um estado de caos na segurança pública".

No mesmo pronunciamento, Yoon rotulou a oposição, que detém a maioria no parlamento de 300 membros, como uma "força antiestatal que pretende derrubar o regime" e chamou sua decisão de "inevitável".

"Vou restaurar a normalidade do país, livrando-me das forças antiestatais o mais rápido possível", disse.

jps/cn (AFP, ots)

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