O presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, Pinchas Goldschmidt, e as comunidades judaicas da Europa foram anunciados nesta sexta-feira (19/01) como os vencedores do Prêmio Carlos Magno de 2024, que desde 1950 homenageia personalidades que contribuíram para a integração europeia e para a cooperação entre os países do continente.
A Associação Carlos Magno da cidade alemã de Aachen, que concede anualmente a honraria, afirmou em nota que a premiação deste ano visa transmitir a mensagem de que não há lugar para o antissemitismo na Europa.
"A vida judaica é parte essencial do passado, presente e futuro da Europa", afirmou a associação, acrescentando que Goldschmidt sempre defendeu que pessoas de diferentes culturas e religiões pudessem encontrar um lugar no continente.
O anúncio do prêmio ocorre em um momento de alta nos crimes antissemitas em muitos países europeus, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada após os ataques terroristas do Hamas em solo israelense em 7 de outubro do ano passado.
Quem é Pinchas Goldschmidt
Nascido em uma família de judeus ortodoxos em Zurique, em 21 de julho 1963, Pinchas Goldschmidt deixou ainda jovem a Suíça para viver em Israel, iniciando seus estudos rabínicos em 1979 em Bnei Berake. Mais tarde, ele foi para Chicago, nos Estados Unidos, sendo ordenado como rabino em 1987.
Goldschmidt lidera a Conferência dos Rabinos Europeus desde 2011. A entidade, com sede em Munique, reúne cerca de 400 rabinos ortodoxos de toda a Europa. Ele era o rabino-chefe de Moscou desde 1983, mas deixou o posto após resistir à pressão para que apoiasse a invasão russa na Ucrânia.
O rabino atua na promoção do diálogo interreligioso, sendo fundador do Conselho das Lideranças Muçulmanas-Judaicas (MJLC), em 2015. A Associação do Prêmio Carlos Magno também exaltou seu papel central no diálogo com o cristianismo, incluindo nas conversas diretas com o papa Francisco.
O Prêmio Carlos Magno é uma das principais honrarias concedidas na Europa. O nome é uma homenagem ao imperador Carlos Magno (742-814), chamado por alguns de "o pai da Europa", que unificou grande parte da Europa Ocidental pela primeira vez desde o Império Romano. No final do século 8, ele escolheu a cidade de Aachen como sua capital.
Entre os vencedores das edições anteriores do prêmio estão o papa Francisco, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o secretário-geral da ONU, António Guterres. Em 2023, o agraciado foi o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.
rc/bl (dpa, KNA)