A Prefeitura de São Paulo anunciou que pretende expandir o projeto da Faixa Azul para mais 220 quilômetros em vias importantes da cidade. O projeto-piloto iniciado na Avenida 23 de Maio completou um ano na última quarta-feira (25) sem registros de mortes nas vias e trechos onde a faixa autorizada e acompanhada pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) foi implantada.
“Autorizei a extensão da Faixa Azul para mais 220 quilômetros. Isso é experimental, algo inédito no Brasil. Depende de autorização da Senatran, mas com os resultados que a gente teve aqui [Avenida 23 de Maio], sem óbito, é óbvio que teremos a autorização”, explicou o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Para ampliação do projeto serão feitos estudos de viabilidade em vias como:
- Avenida Ipiranga;
- Avenida Senador Queirós;
- Avenida do Estado;
- Avenida Rangel Pestana;
- Viaduto Dona Paulina;
- Rua Maria Paula;
- Viaduto Jacareí;
- Viaduto 9 de Julho;
- Avenida São Luís;
- Marginal Tietê;
- Marginal Pinheiros;
- Avenida 23 de Maio;
- Avenida Rebouças;
- Rua da Consolação;
- Radial Leste;
- Avenida Washington Luís;
- Avenida Rubem Berta;
- Avenida Senador Teotônio Vilela;
- Avenida Guarapiranga;
- Avenida Aricanduva;
- Avenida Eliseu de Almeida;
- Avenida Francisco Matarazzo;
- Avenida Salim Farah Maluf;
- Avenida Edgar Facó; e
- Avenida Inajar de Souza.
Outra novidade é a contratação de novos agentes para CET. “Nós temos hoje 1.200 agentes da CET. Estamos equipando os agentes com as câmeras para poder reforçar a segurança deles e a fiscalização do trânsito. Já autorizei a contratação de mais 200 agentes”, afirmou o prefeito.
Redução da gravidade dos acidentes
A análise do número total de acidentes envolvendo motos na Avenida 23 de Maio e de vítimas geradas nessas ocorrências demonstra que a Faixa Azul também conseguiu reduzir a gravidade dos acidentes. Em 12 meses, foram 98 acidentes de trânsito envolvendo motos no trecho de 5,5 km da Avenida 23 de Maio, sentido aeroporto, que recebeu a nova sinalização. Desse total, 44 ocorrências não geraram pessoas feridas. Os demais 54 acidentes geraram 59 vítimas. Destas, 51 com ferimentos leves e oito com ferimentos graves.
A análise da eficácia da Faixa Azul leva em conta as características da via, os volumes de motocicletas circulando dentro e fora do espaço da faixa, a tipologia dos acidentes e o fato de as ocorrências terem gerado danos materiais ou pessoas feridas. Essa metodologia, adotada internacionalmente, propicia uma visão tecnicamente mais clara da distribuição do risco de sinistro para quem transita dentro da faixa e para quem circula fora do espaço da nova sinalização.
Assim, ao invés da utilização de números absolutos, é calculada a Taxa de Severidade (métrica internacional também utilizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT). A Taxa de Severidade atribui pesos aos acidentes pela sua importância. O acidente com danos materiais é o menos importante. Em oposição, aquele que resulta em óbito é o mais importante. Além da gravidade, os pesos são relacionados ao volume de veículos e à extensão da via analisada. Quanto menor é a Taxa de Severidade, mais segura é a via.
Aplicando a metodologia às estatísticas desse primeiro ano de funcionamento, a Faixa Azul da Avenida 23 de Maio alcançou resultados expressivos para a preservação da integridade e da vida de quem conduz motocicleta. Entre 25 de janeiro de 2022 e 23 de janeiro de 2023, a Taxa de Severidade da Faixa Azul da Avenida 23 de Maio ficou em 3,19 UPS/Milhão de Motos/Km (Unidade Padrão de Severidade por milhão de motos por quilômetro). Em relação à Taxa de Severidade das motos que circularam fora do espaço da Faixa Azul, a taxa é três vezes menor. Fora dela a taxa foi de 9,23 UPS/Milhão de Motos/Km.
Outra informação importante é a redução das médias de lentidão da Avenida 23 de Maio, em 2022, no trecho em que existe atualmente a Faixa Azul, na comparação com os índices do ano de 2019 (anterior aos anos de pandemia e quando não existia a faixa). A redução das médias de lentidão foi de aproximadamente 15%, mostrando que o novo espaço trouxa organização para o fluxo veicular.
Importância do projeto
Atualmente, na cidade de São Paulo, há 1,3 milhão de motos em circulação. A motocicleta vem ganhando destaque desde o início da pandemia, já que, por conta do isolamento social, o serviço de entregas se tornou essencial e, por consequência, o número de motos trafegando pelas vias subiu. Além disso, por seu baixo custo de manutenção, também se tornou um meio de transporte atrativo. No entanto, isso tem trazido usuários inexperientes, o que aumentou ainda mais a probabilidade de sinistros.
O resultado: o número de óbitos vem subindo a cada dia. Hoje mais de 1 motociclista morre por dia em São Paulo. Para se ter uma ideia, o número de óbitos entre motorista/passageiros é de 0,3 por dia. É por esse motivo que um projeto voltado à segurança dos motociclistas, como a Faixa Azul, é de suma importância para a segurança viária da capital. Se bem-sucedido, o projeto poderá servir como solução voltada à segurança também em outras cidades do país.