Em audiência na Comissão de Educação do Senado, o prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues, no Maranhão, reforçou que um pastor cobrou um quilo de ouro em troca de liberação de verbas no Ministério da Educação (MEC).
Braga explicou que a reunião em Brasília seria com prefeitos de municípios que estão com obras inacabadas. Após encontro com o ex-ministro Milton Ribeiro, o prefeito teria sido convidado pelo pastor Arilton Moura para um almoço.
“O pastor Arilton Moura convidou todos os prefeitos para um almoço em um restaurante e disse que seria por conta dele. Foi quando o pastor Arilton virou para mim e quis saber minhas demandas; apresentei para ele e ele me disse: ‘Você vai me arrumar os R$ 15 mil para mim [sic] protocolar as suas demandas e, depois que o recurso já estiver empenhado, você, como sua região é de mineração, vai me trazer 1 kg de ouro'”, detalhou.
Braga foi questionado sobre o encontro pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP). Ele avaliou a conversa como aberta e acredita que as propostas também tenham ocorrido com os demais prefeitos. Outros dois confirmaram a cobrança até por meio da compra de bíblias para a liberação de verbas.
Além deles, o prefeito de Boa Esperança do Sul, em São Paulo, José Manoel de Souza (Cidadania), destacou um pedido de propina no valor de R$ 40 mil feito por Arilton Moura.
O prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro (Cidadania), disse que o pastor exigia pagamento de propina no mesmo dia.
"Ele me abordou, assim, de uma forma muito abrupta e direta. Dizendo: 'olha aqui, prefeito, ‘vi que seu ofício está pedindo escola mesmo, com 12 salas. Essa escola aí deve custar uns R$ 7 milhões de recurso para ser liberado. Mas é o seguinte, preciso de R$ 15 mil na minha mão hoje. Faz aqui uma transferência para minha conta, porque esse negócio de pra depois não cola comigo, não. Vocês políticos são um bando de malandros, que não têm palavra, se não pegar antes, depois não paga ninguém’", reportou o prefeito.
A suspeita de benefício indevido surgiu após divulgação de um áudio em que Ribeiro afirmava a prefeitos que repassava verba a municípios indicados por pastores.
A medida, segunda o ex-ministro, acontecia a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
O fato em si levou à exoneração de Milton Ribeiro do cargo de ministro da Educação, mesmo após Bolsonaro afirmar que colocava a cara no fogo por ele.
Segundo denúncias feitas por prefeitos, os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos integravam o chamado gabinete paralelo do MEC.
Eles teriam trânsito livre na pasta, exercendo influência sobre a destinação de verbas da pasta e também sobre a agenda do então ministro Milton Ribeiro.