Por que você não estava vendo Dragon Ball no 11/09 - e o que é Efeito Mandela

Memórias falsas compartilhadas podem ser explicadas por falta de atenção e repetição por conveniência

Da redação

Goku, personagem de Dragon Ball Z, e o atentado de 11 de setembro
Reprodução

O atentado que atingiu as Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, nos Estados Unidos, completa 22 anos nesta segunda-feira (11). 

Em todo 11 de setembro, surgem relatos nas redes sociais de usuários que estariam assistindo "Dragon Ball Z" na televisão, quando a transmissão foi interrompida para noticiar a tragédia.

O relato compartilhado é ainda mais específico que isso: a notícia teria interrompido a primeira transformação de Goku em Super Sayajin 3, um momento icônico na série.  

O plantão de notícias, na verdade, não interrompeu o desenho japonês, muito menos a metamorfose do protagonista. Não foi exibido nenhum episódio da série em 11 de setembro de 2001.

Na verdade, o plantão foi exibido por volta das 10h, no horário de Brasília, quando na grade estava prevista a transmissão de "Mickey e Donald". 

"Dragon Ball Z" era exibido na emissora somente por volta das 11h. O episódio foi suprimido da grade naquele dia, por conta do noticiário estendido da tragédia.

Essa falsa memória em comum para certos ícones culturais se chama "Efeito Mandela". O episódio da transformação de Goku interrompida pelo anúncio do atentado é só um exemplo desse fenômeno.

O que é Efeito Mandela?

Efeito Mandela é o nome pelo qual se convencionou chamar memórias falsas compartilhadas. O nome foi criado pela escritora norte-americana Fiona Broome.

Em 2010, Fiona mencionou em conversa com amigos que o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela teria morrido em 1980, quando estava preso. Três anos depois, Mandela de fato morreu, por uma infecção pulmonar.

Após tomar conhecimento da morte real, a escritora notou que, como ela, muitas outras pessoas se lembravam que Mandela havia morrido na prisão na década de 80. 

Ela, então, escreveu um artigo sobre a experiência no seu site e o conceito de memórias falsas compartilhadas se espalhou pelas redes sociais.

Casos de Efeito Mandela famosos

  • Em nenhum dos filmes de Star Wars, o vilão Darth Vader fala "Luke, eu sou seu pai", apesar de inclusive o ator que faz a voz do personagem, James Earl Jones, lembrar de ter dito exatamente essa fala em cena. A frase do filme é "não, eu sou seu pai", na verdade.
  • O ícone do jogo Monopoly não usa um monóculo.
  • Pikachu, do Pokémon, nunca teve uma listra preta na ponta do rabo, embora muitas pessoas achem que sim.
  • No filme clássico "Branca de Neve e os Sete Anões" da Disney, de 1937, a frase “espelho, espelho meu” não é dita em momento algum - seja na versão original ou na dublada em português brasileiro. Na versão daqui, a fala da Bruxa Má é "fala, mágico, espelho meu, quem é mais bela do que eu?".

Por que isso acontece?

Tem duas teorias que podem explicar o Efeito Mandela: a física-quântica e a psicológica. Pela primeira, um corpo atômico pode atuar como ondas ou partículas e, dessa forma, estar em duas situações diferentes ao mesmo tempo. 

Essa teoria admite a existência de várias realidades e universos alternativos. A memória coletiva falsa poderia ser reflexo de outra realidade.

Pela psicologia, entende-se que erros de memória são muito comuns e influenciados pelo ambiente em que se está inserido. É possível que ninguém estivesse prestando, de fato, atenção à televisão antes do plantão sobre o 11 de setembro em 2001. Por isso, houve uma falha de codificação pela falta de atenção.

Daí, a história da interrupção da transformação de Goku em Super Sayajin pela queda das Torres Gêmeas pode ser sido contada e repetida por conveniência, por ser interessante.

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