
Resumo
- Donald Trump impõe tarifas ao Canadá desde o começo do mandato, principalmente em produtos como aço e alumínio;
- Novas tarifas afetam principalmente os consumidores americanos, aumentando os preços de produtos essenciais como petróleo e equipamentos;
- Ações de Trump ameaçam o acordo de livre comércio USMCA, negociado para beneficiar as economias de Canadá, EUA e México.
Este resumo foi gerado por inteligência artificial e cuidadosamente revisado por jornalistas antes de ser publicado.
Donald Trump segue empenhado em impor novas taxas sobre a importação de produtos de aliados históricos, como o Canadá, o México e a União Europeia. Só nesta semana, o presidente dos Estados Unidos anunciou tarifas de 50% em todo o aço e alumínio importados do Canadá, que foi retaliado com tarifas de 25% em produtos americanos.
O Canadá, maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os Estados Unidos, tenta negociar as taxas e, internamente, começou uma campanha de valorização dos produtos canadenses ante aos americanos. Os ataques de Donald Trump ocorrem em meio à transição do governo canadense, já que o atual premiê, Justin Trudeau, irá ser substituído pelo economista Mark Carney.
Mas por qual razão Donald Trump mira um aliado histórico como o Canadá com tarifas e até ameaças de transformar o país no 51º estado dos Estados Unidos? Para o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, a razão principal é o déficit comercial entre os países.
“O déficit acumulado pela economia americana é de mais de US$ 200 bilhões ao ano. O Canadá vende mais aos Estados Unidos do que os Estados Unidos vende ao Canadá”, explica. Para o professor, Trump tem a intenção de pressionar o Canadá para que faça mudanças quanto aos impostos e entrada de produtos americanos.
Carla Beni, professora de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Trump também utiliza questões alheias às comerciais para poder atacar e pressionar o Canadá. “Ele dá outras justificativas, como a de que o Canadá teria sido leniente com a entrada de imigrantes aos EUA, ou que estaria facilitando a entrada de produtos para produção de fentanil”, diz, citando o opioide que se tornou epidemia nos EUA.
Mas os professores apontam que os motivos citados por Donald Trump, como a imigração ilegal e a entrada de fentanil pela fronteira do Canadá, não foram confirmados ou são reais. O déficit comercial é, sim, a razão principal para os ataques de Trump, que busca negociações de acordos comerciais.
“Quando os EUA ampliam essas ameaças - como quebrar acordos diplomáticos, agredir a soberania nacional e recuar - eles fazem uma estratégia belicosa para obter algum acordo depois” - Carla Beni.
Americanos serão os mais afetados pela briga entre Trump e Canadá
Dentre ameaças, taxas e declarações, os mais afetados da briga tarifária entre Trump e o Canadá são os norte-americanos, quem o presidente diz querer tanto valorizar. Para a professora Carla Beni, a sociedade americana terá que pagar mais caro pelos produtos no fim das contas.
“Os Estados Unidos importam petróleo bruto, petróleo refinado, equipamentos de radiodifusão, carros e caminhões de entrega. Isso, imediatamente, se sobretaxar, sairá mais caro para a população”, explica.
Segundo Leonardo Trevisan, a economia norte-americana sentirá principalmente no setor de energia e petróleo. “Mesmo que as tarifas de Trump para o petróleo do Canadá sejam menores, digamos de 10%, o preço já afeta a gasolina, e isso vai afetar a inflação”, diz.
Para o professor, esse processo de tarifas é preocupante para os norte-americanos porque os canadenses oferecem produtos básicos de linha energética para os EUA. “Ele não pensa em termos de petróleo e gasolina e sim trazer indústrias de volta aos EUA, mas isso é irreal, iria demorar muitos anos”, indica.
Já os canadenses não devem sentir tanto os efeitos das taxas estadunidenses. “O maior dano será a perda de mercado dos Estados Unidos, mas não há outra razão para o Canadá pagar mais caro por essa entrada, já que o país é aberto para investidores e para o capital”, afirma Trevisan.
Carla Beni relembra que os canadenses, desde o começo do governo Trump, estão boicotando produtos norte-americanos. “Esse movimento, mesmo com as negociações e postergando as taxas, a sociedade canadense demonstra uma repulsa. Isso é uma resposta interessante que a sociedade dá para uma agressão prévia desnecessária”, diz.
Acordo de livre comércio entre Canadá, EUA e México já é afetado
Desde 2020, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, o NAFTA, foi substituído pelo USMCA, que criou uma zona de livre comércio para desenvolver as economias do Canadá, Estados Unidos e México e facilitar a comercialização de bens e serviços.
Este acordo, firmado em julho de 2020, cria condições equitativas para trabalhadores americanos, tem o objetivo de beneficiar o agronegócio americano e apoiar a propriedade intelectual dos Estados Unidos, segundo a Agência Representante Comercial dos Estados Unidos.
Com as novas políticas e ataques tarifários de Trump, esse acordo é anulado, segundo os professores. “O USMCA foi negociado no governo Trump, desenvolvido por ele, para facilitar o comércio e essa movimentação toda, ele pega o acordo e o desmonta”, afirma Carla Beni.
Para Leonardo Trevisan, Trump anula o acordo. “Ele foi desenhado no primeiro governo e, agora, esquecido. Ele quer renegociar esse acordo e colocar entraves para a entrada de produtos canadenses nos EUA”, afirma o professor da ESPM.