Considerado o ‘país mais fechado do mundo’, a Coreia do Norte, no leste da Ásia, é um país que vem sendo destaque nos jornais internacionais, pelas demonstrações bélicas e desfiles militares. O líder norte-coreano Kim Jong-Un, fez grande aceleração em termos de aprimoramento militar nos últimos anos, o que preocupa parte do Ocidente. O coordenador do Núcleo de Estudos em Negócios Asiáticos da ESPM, Alexandre Ratsuo Uehara, conversou com o Band.com.br, e comentou como a imprevisibilidade das ações norte-coreanas causa temor.
“A Coreia do Norte passou por um longo período de isolamento internacional. Com o pouco contato e com a imprevisibilidade, o mundo tem temor de Kim Jong-Un usar eventualmente o poder bélico", explica.
Uehara explicou que a Coreia do Norte é um país muito fechado, e que as informações sobre lá são muito escassas. Ele comenta que mesmo em um mundo cada vez mais conectado, o governo tem o controle muito forte sobre os fatos e narrativas. “O governo controla as informações, tanto aquelas que eles deixam entrar, quanto as que eles deixam que saia. Portanto, é de se pensar que o país ainda é bem restrito em termos de liberdade”, completa o especialista.
Em relação ao país vizinho, o especialista conta que não há um acordo de paz entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte. “A divisão das Coreias é uma das heranças da Guerra Fria, da disputa capitalista e comunista. As Coreias possuem um armistício, ou seja, os ataques cessaram, mas até hoje, não há um acordo de paz”, diz Uehara.
Informações sobre Kim Jong-Un são contraditórias
Líder supremo da Coreia do Norte desde 2011, Kim Jong-Un ainda é uma figura misteriosa para parte do Ocidente, mesmo com mais de dez anos no poder. Uehara conta que a imagem atribuída a Kim é, muitas vezes, contraditória. “Algumas fotos são bastante caricaturais, e algumas até contraditórias. Em algumas imagens, ele aparece comemorando aniversário com personagens da Disney, em outra, ele está ao lado de um foguete, como líder forte", pontua.
Kim entrou na política muito cedo, após o falecimento do pai. O próprio tio foi uma espécie de mentor para ele, e, a partir de então, conseguiu construir uma posição dentro do governo norte-coreano. O especialista explica que ao longo dos anos, ele construiu um caráter autoritário, com a prisão de pessoas da oposição, e com outras 'sumindo do mapa'.
Quem é o próximo na linha de sucessão na Coreia do Norte?
Alexandre Uehara comenta sobre uma possível sucessão ao Kim Jong-Un, e sobre as perspectivas para o futuro da Coreia do Norte. “Nos últimos tempos, ele esteve um tempo sumido, ninguém sabia se estava doente. Mas tem a irmã dele, Kim Yo Jong, que possui um papel muito forte no governo, e pode ser uma possível sucessora”, disse.
“A irmã é muito fiel a ele pelo que a gente sabe. Porém, é uma pessoa que tem declarações muito duras, até mesmo assustadoras, em relação aos países vizinhos, em relação aos Estados Unidos né? O que a gente percebe é que a previsão que haja de fato uma intenção dessa centralização, e com a família permanecendo no poder no país”, concluiu.